Estudo contradiz um dos argumentos de venda dos carros elétricos
Análise de consultoria revela que o gasto com eletricidade para recarga dos carros elétricos nos EUA está tornando esses veículos pouco competitivos do ponto de vista financeiro
César Tizo - agosto 8, 2023
O Anderson Economic Group divulgou um interessante estudo realizado nos EUA que contradiz um dos principais argumentos de quem defende a compra dos carros elétricos.
O argumento em questão diz respeito à redução no custo de propriedade do veículo, uma vez que o gasto para a recarga das baterias seria inferior aos valor despendido em combustíveis no caso de um automóvel com motorização térmica.
Para ir mais a fundo nessa questão, os especialistas resolveram analisar os dois tipos de veículos na prática, envolvendo os gastos efetivos a cada 100 milhas (160 km) percorridas.
Segundo o estudo, os carros elétricos não se mostraram uma alternativa mais interessante em grande parte dos cenários avaliados.
É importante reforçar que pesquisa leva em conta as realidades do maior mercado das Américas e os atuais preços dos combustíveis e da eletricidade por lá.
Entre os modelos considerados “de entrada” nos EUA, tais como o Nissan Versa, Honda Civic e o Hyundai Elantra, os sedãs alcançaram um custo de US$ 9,78 a cada 100 milhas percorridas.
Acima o Nissan Versa SR comercializado nos EUA
Um elétrico “de entrada”, por sua vez, considerando modelos como o Nissan Leaf e o Chevrolet Bolt nos EUA, resultou em um gasto com eletricidade da ordem de US$ 12,55 a cada 100 milhas no caso da recarga efetuada em residências.
Se considerada a recarga em estações públicas, que exigem um pagamento adicional pelo serviço nos EUA, o custo a cada 100 milhas subiu para US$ 15,97 no cenário levando em conta os “elétricos de entrada”.
Tabela compilando os gastos por milha percorrida com veículos térmicos e elétricos
No segmento de médio porte norte-americano, envolvendo veículos como o Toyota Camry e o Honda Accord, o gasto com gasolina foi de US$ 11,08 a cada 100 milhas.
Veículos equivalentes, como o Kia EV6 e o Ford Mustang Mach-E, demandaram gasto de US$ 12,62 a cada 100 milhas levando em conta a recarga na residência do proprietário ou US$ 16,10 a cada 100 milhas em estações públicas.
No caso das picapes de maior porte, considerando o uso de diesel, o custo a cada 100 milhas ficou na faixa de US$ 17,10 contra US$ 17,72 de um modelo elétrico equivalente. O gasto, entretanto, sobe para US$ 26,38 em pontos de recarga fora da residência.
O único segmento em que os elétricos valeram a pena foi no caso dos modelos de luxo.
Porsche Taycan GTS: elétrico mostra-se mais vantajoso no segmento de luxo
Na pesquisa, abastecer com gasolina modelos do porte de um BMW Série 5, Porsche Macan ou Audi A6 resultou em um custo médio de US$ 17,56 a cada 100 milhas contra US$ 13,50 a cada 100 milhas (recarga residencial) considerando modelos como o Porsche Taycan, Tesla Model 3 e Polestar 2. Em pontos de recarga públicos, porém, o preço subiu para US$ 17,81.
“Com os preços da eletricidade subindo nos EUA e os valores praticados para a gasolina caindo, a maioria dos veículos com propulsão convencional custaram menos para rodar do que seus equivalentes elétricos no primeiro semestre de 2023”, analisam os responsáveis pelo estudo.
“Os motoristas de carros elétricos de luxo ainda podem economizar um pouco de dinheiro em comparação com seus equivalentes térmicos de alta potência, especialmente aqueles que precisam de gasolina premium.
Uma surpresa foi que as picapes elétricas recém-lançadas tinham custos de abastecimento semelhantes aos das picapes a gasolina ou diesel tradicionais, mas apenas para motoristas que podiam efetuar as recargas regularmente em casa ou nas próprias empresas.
Logo, no uso corporativo, para as picapes elétricas valerem a pena é necessário levar em conta os tipos de deslocamentos, o tipo de transporte que será feito e onde o modelo será recarregado. Além disso, dependendo do local, a recarga pode ser cara e demorada”, conclui o Anderson Economic Group em seu estudo.
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