“Brasil tem muito a contribuir com os híbridos flex”, diz especialista
Em seminário da Associação Brasileira de Engenharia Automotiva, especialistas colocam suas visões sobre mobilidade e descarbonização em nosso país
César Tizo - novembro 17, 2023
A AEA (Associação Brasileira de Engenharia Automotiva) realizou neste mês seu Seminário de Inovação em Powertrain convidando especialistas no setor a abordarem o tema “Neutralidade da mobilidade no Brasil: colocando as cartas na mesa”.
No evento, diversos representantes de montadoras e executivos da área automotiva apresentaram sua visão sobre os melhores caminhos e estratégias para a indústria lidar com a questão da descarbonização no Brasil levando em conta os diferenciais da matriz energética do país.
Um interessante ponto foi levantado por Masao Ukon, especialista do setor automotivo na Boston Consulting Group. Para ele, “o Brasil tem muito a contribuir, por exemplo, com os carros híbridos flex. Pode ser um importante polo produtivo e até ser exportador dessa tecnologia”.
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Para Eugenio Coelho, diretor executivo da AVL, empresa da área de mobilidade que atua no desenvolvimento de testes e simulações para indústria automotiva, “o mundo caminha para os veículos elétricos, mas em intensidade variada. Por isso, temos muitos desafios a enfrentar com os motores a combustão, os eletrificados e, um pouco mais à frente, com as células de combustível, sempre em busca de eficiência energética”.
Migrando para o segmento de veículos pesados, tais como caminhões e ônibus, o diretor executivo de engenharia da Cummins, Rafael Torres, fez uma ponderação interessante: “sou muito cético em relação aos veículos pesados 100% elétricos em nossa região, a América Latina, porque a abundância de energias renováveis é expressiva. Temos que dar prioridade às tecnologias de powertrain que contemplem o uso de biocombustíveis, biometano e o hidrogênio verde”.
Por fim, segundo relata a AEA em seu balanço sobre o evento, coube à Rachel Henrique, consultora técnica da superintendência de derivados de petróleo e biocombustíveis da EPE (Empresa de Pesquisa Energética, ligada ao Ministério das Minas e Energia), fazer um interessante resumo sobre as perspectivas para a descarbonização no Brasil e no restante do mundo.
“A demanda energética do setor de transportes deve continuar crescendo puxada pela demanda de mobilidade de cargas e pessoas. No curto e médio prazos, a principal fonte energética desse setor deve continuar sendo os derivados de petróleo, apesar da evolução dos biocombustíveis.
Outras fontes de energia devem ganhar mais importância no longo prazo. A transição energética e as pressões por mudanças climáticas devem continuar estimulando investimentos em pesquisa e desenvolvimento e a criação de um mercado de massa.
O Brasil está em posição de destaque quanto à biotecnologia e bioenergia, havendo uma indústria competitiva de biocombustíveis instalada no país, o que reduz a dependência dos derivados de petróleo, além de contribuir para a descarbonização da economia”, conclui Rachel Henrique.
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