Para síndico, regras envolvendo recarga de veículos elétricos em SP são “inexequíveis”
Responsável pela administração de condomínios questiona parecer divulgado pelo Corpo de Bombeiros sobre formas de instalar pontos de recarga nas garagens
César Tizo - abril 11, 2024
Olá César, me chamo Ricardo e sou síndico de dois condomínios residenciais em SP Capital e engenheiro eletricista, o qual estamos em processo de implantação de carregadores para veículos elétricos em um deles, entretanto para nossa surpresa na semana passada o Corpo de Bombeiros de SP publicou no diário oficial uma portaria para instalação de carregadores, o qual não será atendido por praticamente nenhum condomínio. Caso essa portaria vire lei, as vendas e procuras irão cair absurdamente, pois o que está sendo pedido inviabiliza tal investimento, além claro de ser inexequível na maioria dos condomínios, shoppings e até postos de carregamento externos. Pede-se distâncias de 5 metros entre veículos, sistema de combate com sprinklers, paredes corta fogo, etc. Nunca vi combater fogo de um equipamento energizado com água, mas o fato é que isso inviabiliza a instalação nos condomínios e parece ter sido feito para frear as vendas. Será que nós consumidores podemos publicar algo indo contra tais medidas? Dá a impressão que se trata de um pressão das montadoras convencionais para frear as vendas de elétricos, uma vez que até hoje não ouvimos nenhum incidente com veículos elétricos no Brasil. Sou totalmente favorável que se crie procedimentos para a segurança de todos, mas o que foi criado é inexequível em praticamente todos os condomínios existentes – Mensagem enviada por Ricardo
Ricardo, obrigado por enviar seu comentário para nós e participar do Guru dos Carros com suas considerações.
Sobre o parecer técnico da Comissão Especial nomeada pelo comando do Corpo de Bombeiros de São Paulo, vale salientar que, como explica o texto da Portaria nº CCB-001/800/2024 publicada no dia 2 deste mês, os cidadãos paulistas podem expressar suas opiniões sobre o tema pelo e-mail dspciconsultapublica@policiamilitar.sp.gov.br.
A consulta pública, de acordo com a Portaria, receberá as sugestões por 30 dias contados a partir de sua publicação no Diário Oficial.
O que diz o parecer?
De fato, como é possível constatar ao nos aprofundarmos sobre o parecer técnico dos Bombeiros, as regras são bastante exigentes e preveem, para áreas externas, o “afastamento de segurança mínimo de 5 metros em relação às demais vagas do estacionamento, locais com carga de incêndio ou áreas de risco“.
Como alternativa, caso o terreno não comporte o espaçamento entre os veículos, será permitida a instalação de parede corta fogo com 1,60 m de altura por 5 m de comprimento nas vagas com ponto de recarga.
Já para áreas internas em subsolos, sobressolos ou edifícios garagem será necessária a colocação de detectores de incêndio e chuveiros automáticos em todo o pavimento com vagas para recarga de veículos eletrificados.
De acordo com o parecer, uma alternativa para ambientes internos reside na criação de vagas individuais para carros elétricos ou híbridos plug-in separadas entre si e dos automóveis convencionais por parede corta fogo com 5 m de comprimento e fechamento do piso ao teto.
Outro desafio para os prédios é que os pontos de recarga não poderão ser instalados em vagas perpendiculares, uma vez que o “leiaute dificulta o acesso aos veículos“, diz o parecer.
Motivos
Certamente a Comissão Especial designada pelo Corpo de Bombeiros de São Paulo levou em conta para a elaboração do parecer diversos relatos de incêndios envolvendo em especial carros elétricos.
Segundo autoridades europeias revelaram à época, um dos 25 carros elétricos transportados pela embarcação pode ter desencadeado a tragédia.
Além disso, uma rápida procura na internet nos leva a inúmeros casos envolvendo automóveis e até mesmo motos elétricas que acabam incendiados durante a recarga.
Como a frota circulante de carros puramente elétricos ainda é pequena no Brasil, é fato que ainda não foram registrados acidentes graves por aqui, entretanto é sempre necessário agir com cautela e buscando a prevenção dos mesmos.
É muito provável que, após a consulta pública a ser realizada neste mês, o Corpo de Bombeiros de São Paulo dialogue com os cidadãos para encontrar a melhor forma de tornar as garagens e pontos de recarga de veículos mais seguros para todos.
Desde já agradeço a você, Ricardo, por nos trazer seu ponto de vista.
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