Panorama Veloe de Indicadores de Mobilidade de maio destaca alta nos preços da gasolina e do etanol, além da estabilidade no preço do diesel
César Tizo - junho 11, 2024
No primeiro trimestre de 2024, encher o tanque de gasolina comprometeu, em média, 5,9% da renda das famílias brasileiras. É o que revela o Indicador de Poder de Compra de Combustíveis, calculado pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) com base em dados da PNAD Contínua (IBGE) e do Monitor de Preços dos Combustíveis, do Panorama Veloe de Indicadores de Mobilidade. Este indicador representa a proporção da renda domiciliar mensal necessária para custear o abastecimento de um tanque de 55 litros com gasolina comum no trimestre de referência.
Apesar de representar uma melhoria em relação ao trimestre anterior, o percentual ainda é superior ao registrado no primeiro trimestre de 2023 (5,7%), indicando uma leve deterioração do poder de compra no horizonte anual. Nas capitais, onde a renda domiciliar é maior, o percentual foi de 3,9%.
As médias nacionais escondem diferenças regionais significativas: famílias do Norte e Nordeste comprometem uma maior parcela da renda para encher um tanque de gasolina, enquanto no Centro-Oeste e Sudeste o poder de compra é maior, ou seja, é necessário gastar um percentual menor da renda domiciliar mensal.
O acompanhamento mensal do Panorama Veloe revelou aumentos nos preços médios de quase todos os combustíveis em comparação ao mês anterior. Em maio, o preço médio da gasolina comum foi de R$ 5,939 por litro, um aumento de 0,8% em relação a abril. Regionalmente, os maiores preços médios foram registrados no Norte (R$ 6,220) e Nordeste (R$ 6,088), enquanto os menores valores foram no Sudeste (R$ 5,824) e Sul (R$ 5,848). A alta mensal no preço da gasolina foi mais acentuada no Nordeste (+2,0%) e no Sul (+1,0%).
O preço médio do etanol hidratado foi de R$ 3,899 por litro, representando um aumento de 1,2% em relação a abril. Os postos do Nordeste e Norte apresentaram os maiores preços (R$ 4,514 e R$ 4,418, respectivamente), enquanto o Sudeste e Centro-Oeste tiveram os menores valores (R$ 3,775 e R$ 3,836, respectivamente). A alta no preço do etanol foi registrada em quatro das cinco regiões, com destaque para o Nordeste (+2,3%) e o Sudeste (+1,5%). No Centro-Oeste, houve uma redução de 0,8%.
O preço do diesel S-10 manteve-se praticamente estável no último mês, com um preço médio de R$ 6,020 por litro, um ligeiro recuo de 0,1% em relação a abril. Regionalmente, os maiores preços foram no Norte (R$ 6,231) e Centro-Oeste (R$ 6,144), enquanto os menores valores foram no Sul (R$ 5,926) e Nordeste (R$ 5,950).
No balanço parcial de 2024, quatro dos seis combustíveis monitorados ficaram mais caros: etanol hidratado (+8,8%), gasolina aditivada (+4,0%), gasolina comum (+3,8%) e GNV (+1,6%). Em contraste, os preços do diesel S-10 e do diesel comum caíram 1,3% e 1,0%, respectivamente. Comparado a maio de 2023, apenas o etanol hidratado teve queda nos preços (-3,3%), enquanto os demais combustíveis tiveram aumentos significativos.
No Rio Grande do Sul, os preços da gasolina, etanol e diesel subiram mais que a média nacional, mas não houve sinais de grande volatilidade ou choques nos preços, mesmo considerando o impacto das recentes enchentes.
O Indicador de Custo-Benefício Flex mostrou que a preferência pelo etanol, constatada no passado recente, foi alterada devido ao aumento no preço desse combustível nos últimos meses. Em maio, a relação entre os preços da gasolina e do etanol ficou em 69,8% na média das unidades federativas e 69,4% nas capitais.
Esse patamar próximo de 70% praticamente elimina a vantagem de preço do etanol sobre a gasolina, tornando o abastecimento com ambos os combustíveis quase equivalente em termos de custo-benefício. No entanto, a análise desagregada revela que a gasolina ainda é mais vantajosa no Sul e Nordeste, enquanto o etanol se destaca no Sudeste e Centro-Oeste.
