Mineração de cobre é “barreira intransponível” para aumentar produção de carros elétricos
Meta de frota 100% elétrica até 2035 nos EUA é inviável devido à escassez de cobre, aponta pesquisa da Universidade de Michigan
César Tizo - julho 10, 2024
A capacidade de mineração de cobre é atualmente uma barreira intransponível para a adoção universal de veículos elétricos nos Estados Unidos. A constatação é de um estudo recentemente publicado pelo Fórum Internacional de Energia, o qual classifica ainda como “impossível” a meta de alcançar uma frota de veículos de passeio totalmente elétrica no país até 2035.
O estudo afirma que a expansão da mineração necessária para que todos os novos veículos sejam elétricos em apenas 11 anos é inviável. No entanto, a adoção universal de híbridos proporcionaria benefícios ambientais sólidos enquanto manteria a demanda por cobre administrável, conforme relatado pela Universidade de Michigan.
“Mostramos no artigo que a quantidade de cobre necessária é essencialmente impossível para as empresas de mineração produzirem“, afirma um dos coautores do estudo, o professor de ciências ambientais e da terra, Adam Simon. Ele destaca que um veículo elétrico necessita de três a cinco vezes mais cobre do que um veículo com motor de combustão interna equivalente. Simon cita o caso do Honda Accord, que utiliza 18 quilos de cobre em sua versão a gasolina, enquanto um veículo elétrico de mesmo porte demandaria 91 quilos do metal em sua construção.
Atualizar a rede elétrica ou investir na geração de energia renovável para atender à demanda de eletricidade dos carros elétricos requer ainda mais cobre. Uma única turbina eólica offshore precisa de 20 toneladas de cobre, enquanto turbinas terrestres contêm cerca de 9 toneladas de cobre cada.
Para manter os níveis atuais de uso do metal, seria necessário extrair 115% mais cobre entre 2024 e 2050 do que a quantidade total extraída ao longo de toda a história humana. Além disso, para atender à demanda significativamente maior causada pela produção de todos os veículos elétricos, seria preciso aumentar essa produção em 55%, o que é uma meta extremamente ambiciosa.
Seis novas minas de cobre de alta capacidade precisariam começar a operar a cada ano, durante décadas, para atender a essa demanda. Como alternativa, o estudo reforça que seria mais prudente optar pela universalização de veículos híbridos ao invés de elétricos a partir de 2035. Os híbridos usam aproximadamente a mesma quantidade de cobre que os veículos térmicos e são muito mais “verdes” do que os modelos a gasolina. “Sabemos, por exemplo, que um Toyota Prius tem um impacto ligeiramente melhor no clima do que um Tesla“, acrescenta o professor Simon.
“Esperamos que o estudo seja adotado por autoridades e formuladores de políticas públicas, que devem considerar o cobre como o fator limitante para a transição energética“, conclui Simon e equipe, “e que o foco das decisões dos governantes mude da produção de veículos elétricos para a produção de híbridos nas próximas décadas“.
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