“Motores a combustão não vão desaparecer tão cedo”, analisa executivo
Em artigo de opinião, Patrice Haettel, CEO da Horse Powertrain Solutions, detalha por que os motores térmicos ainda têm um longo caminho pela frente
César Tizo - julho 23, 2024
Em um interessante artigo publicado com exclusividade pela Just Auto, o atual CEO da Horse, Patrice Haettel, detalhou as razões pelas quais a indústria automotiva global não deve abandonar tão cedo os investimentos em motores a combustão. Sediada em Madri, na Espanha, a Horse Powertrain Solutions é uma joint venture entre a Renault e a Geely focada no desenvolvimento desses propulsores.
No início dos anos 2020, a ideia de uma eliminação total dos motores térmicos ganhou força, mas segundo o executivo da Horse, tal transição não está necessariamente no horizonte próximo. De fato, ele acredita que, até 2040, pelo menos 50% dos veículos vendidos no mundo ainda terão propulsores térmicos. Abaixo, selecionamos alguns pontos interessantes elencados por Haettel em seu texto:
1. Necessidades econômicas regionais diversas
De acordo com a Agência Internacional de Energia, 85% das vendas globais de veículos elétricos (EVs) ocorrem em mercados com alta densidade urbana, como a China (60%) e a Europa (25%). Regiões rurais, por outro lado, enfrentam desafios distintos, como grandes distâncias a serem percorridas e uma infraestrutura de recarga impraticável. Em tais locais, veículos híbridos e híbridos plug-in são mais viáveis. Portanto, os motores térmicos continuam desempenhando um papel importante em áreas mais afastadas e na conexão entre zonas urbanas e rurais.
2. Investimentos em combustíveis alternativos
O Brasil, por exemplo, está adaptando suas estratégias de sustentabilidade ao redor de soluções de combustíveis alternativos para motores térmicos, como etanol e outros biocombustíveis. No mercado brasileiro, por exemplo, 80% das vendas de veículos novos contemplam unidades movidas a etanol, algo condizente com o fato de que o país é um dos maiores produtores de cana-de-açúcar do mundo. A crescente demanda global por biocombustíveis, que deve aumentar em 23% até 2028, reforça a importância contínua dos motores térmicos.
3. Necessidades das frotas de transporte
A indústria de transporte, que inclui mais de 300 milhões de caminhões e ônibus mundialmente, depende fortemente de motores térmicos. Esses veículos desempenham papéis essenciais no transporte de bens e pessoas e são adquiridos com investimentos significativos por parte de seus proprietários. Substituir esses veículos pesados por modelos elétricos não é viável. Em vez disso, a adaptação desses veículos para combustíveis alternativos é uma solução prática que permite que as frotas globais evoluam de forma sustentável.
4. Desafios na substituição de frotas inteiras
A transição total para veículos elétricos enfrenta desafios significativos, especialmente na substituição de frotas de caminhões e veículos comerciais usados extensivamente em regiões rurais e no Sul Global. Em vez de descartar motores térmicos, a adaptação deles para novas tecnologias é uma abordagem mais prática e econômica.
Conclusão
Motores a combustão não vão desaparecer tão cedo, conclui Patrice Haettel em seu artigo. A diversidade das necessidades urbanas e rurais, juntamente com o investimento contínuo em combustíveis alternativos e a importância das frotas de transporte, indica que os motores térmicos continuarão a ser uma tecnologia crucial por muitas décadas. Cada mercado precisará encontrar seu próprio caminho para a descarbonização e, para muitos, os motores térmicos continuarão a ser uma parte essencial da mobilidade.
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