Ainda existe rejeição aos carros chineses no mercado brasileiro?
Leitor deseja entender melhor a precificação dos carros chineses e como anda a receptividade do mercado em relação a esses veículos
César Tizo - agosto 29, 2024
Olá César, tudo bem? Me tire uma dúvida. Tenho acompanhado os recentes lançamentos da CAOA Chery, mais precisamente o Tiggo 7 e agora o Tiggo 8. Particularmente acho bons produtos e bem interessantes e inclusive pensei em comprar um deles, entretanto ouço muitos comentários que não tem peças de reposição ou que perde-se muito na revenda, sendo que muitas concessionárias de outras marcas nem aceitam eles nem como base de troca. Os preços destes modelos são bons ao meu ver, mas você acha que o pós venda e a revenda pode ser um problema? Noto que ainda existe uma certa rejeição a produtos chineses em nosso mercado, não sei se é uma forma das outras montadoras se protegerem também agindo desta forma. Isso realmente procede? Recomendaria a aquisição deles? São categorias de carros cujos concorrentes trabalham com valores bem mais altos, o que gera um pouco de desconfiança do porque haver tanta diferença de valores. Obrigado pela ajuda – pergunta enviada por Ricardo
Ricardo, obrigado por enviar sua pergunta e participar do Guru dos Carros!
A CAOA Chery tem, de fato, oferecido produtos interessantes no mercado brasileiro, especialmente com os SUVs Tiggo 7 e Tiggo 8, que se destacam pelo bom custo-benefício em relação aos seus concorrentes. Em paralelo, vale mencionar a notável aceitação dos elétricos da BYD, que já respondem por mais de 70% dos automóveis com este tipo de propulsão emplacados no Brasil, além do sucesso comercial da GWM Brasil com os SUVs híbridos da linha Haval H6.
Desvalorização e aceitação na revenda: veículos de origem chinesa ainda enfrentam maior desvalorização no mercado de usados em comparação com as chamadas “marcas de legado”. Contudo, à medida que essas marcas se consolidam no país, essa situação tende a mudar, como já observamos com os SUVs da gama Haval. Esse preconceito é, em parte, uma herança da percepção de qualidade inferior e da incerteza quanto à durabilidade dos primeiros veículos chineses que chegaram ao Brasil, dúvidas que hoje se mostram infundadas quando analisamos os automóveis mais modernos desenvolvidos na potência asiática. Algumas concessionárias de fabricantes generalistas realmente recusaram esses modelos na hora da troca por um veículo 0 km, mas, com o avanço de BYD, CAOA Chery e GWM Brasil no mercado, poucas delas conseguirão se manter competitivas mantendo essa postura.
Rejeição aos produtos chineses: embora a qualidade dos veículos chineses tenha melhorado significativamente nos últimos anos, ainda há uma certa resistência por parte de alguns consumidores e revendedores no Brasil. Essa resistência está relacionada, em parte, ao comprometimento dessas montadoras com suas operações no país. Por conta disso, a BYD tem investido fortemente em sua fábrica na Bahia, enquanto a GWM Brasil ativará sua fábrica em Iracemápolis (SP) ainda neste ano, com previsão de lançar seus primeiros modelos nacionais ao longo de 2025. Certamente, a produção local, algo que a CAOA Chery já realiza em Anápolis (GO), contribui para melhorar a relação do público com as marcas chinesas.
Vale a pena comprar um carro chinês?
Sobre a questão dos preços mais competitivos dos carros chineses, temos que considerar os fortes subsídios que o governo concede às montadoras do país, o que resultou em protestos por parte das gigantes do setor automotivo no Ocidente.
Outro fator que contribui para a competitividade dos veículos chineses é o alto volume de produção e uma indústria de fornecedores extremamente integrada, o que resulta em ganhos de escala consideráveis e menores custos para os fabricantes chineses.
Independentemente da postura política e econômica dessas empresas na China, é fato que os automóveis desenvolvidos por lá já estão em linha — ou até mesmo superam — muitos de seus concorrentes ocidentais em qualidade de projeto, segurança e eficiência. Vale destacar que até mesmo a Stellantis precisou recorrer a uma parceira chinesa para ter acesso a um carro elétrico mais acessível e competitivo financeiramente. Estamos falando da Leapmotor, que chegará ao Brasil no ano que vem.
Em resumo, graças à evolução das fabricantes chinesas, a rejeição aos produtos oriundos do país tende a diminuir à medida que o público reconhece os benefícios que eles têm a oferecer. Até lá, esses veículos podem enfrentar algumas restrições por parte dos consumidores, mas isso não deverá durar por muito tempo.
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Guru dos Carros como sempre dando aula. PARABÈNS.
Muito obrigado, amigo! Contamos sempre com sua audiência! Abraço