Transmissão promete combinar a eficiência de câmbios manuais com a suavidade de uma caixa CVT tradicional
César Tizo - dezembro 8, 2024
Um novo tipo de câmbio revolucionário foi anunciado pela empresa italiana Alter Ego. A companhia apresentou o protótipo da primeira transmissão continuamente variável (CVT) formada por engrenagens. Segundo os idealizadores, a caixa será capaz de combinar a eficiência de transmissões manuais com a suavidade de uma CVT tradicional, porém sem o excesso de fricção causado pela correia ou corrente.
Liderada pelo engenheiro mecânico Edyson Pavilcu, em parceria com estudos realizados na Universidade Técnica de Milão, a Alter Ego afirma que a nova tecnologia, batizada de RatioZero, é 10% mais eficiente que as CVTs convencionais. Essa inovação não apenas promete ajustes contínuos de relação de marchas sem necessidade de embreagem, mas também oferece capacidade de atingir uma relação zero – algo inédito no mercado.
A “relação zero”, no caso, refere-se a uma condição em que a saída da transmissão (eixo de saída, ligado às rodas, por exemplo) permanece parada, mesmo que a entrada (eixo ligado ao motor) esteja girando. Isso elimina a necessidade de um componente adicional, como uma embreagem, para desconectar o motor da transmissão quando o veículo está parado.
Em um carro com câmbio manual, por exemplo, você precisa pisar na embreagem para desacoplar o motor e evitar que ele “morra”. Com uma relação zero, isso não seria necessário, porque a transmissão já impede a transferência de torque para as rodas quando parado.
A inovação da RatioZero está no uso de três engrenagens internas que transmitem torque de forma constante ao eixo de saída. Essas engrenagens operam como um “revezamento de torque”, empurrando o mecanismo de saída em movimentos alternados. A variação na relação de marchas é controlada pelo deslocamento das engrenagens em relação ao centro de rotação, com ajustes realizados por um atuador deslizante.
Embora a saída de torque ainda apresente pequenas variações, a Alter Ego utiliza engrenagens elípticas para minimizar essa oscilação, garantindo maior suavidade no funcionamento. O protótipo já foi testado em uma bicicleta elétrica, oferecendo uma faixa de variação de 0% a 600% na velocidade de saída em relação à entrada.
Apesar de promissora, a RatioZero enfrenta desafios significativos, como a redução do ruído, garantia de durabilidade e a superação de oscilações residuais no torque. A Alter Ego planeja integrar o sistema em uma scooter Yamaha T-Max de 530 cc, além de buscar aplicações em veículos elétricos, turbinas eólicas e máquinas industriais.
A tecnologia, atualmente em estágio 5 de prontidão tecnológica – ou seja, validada em laboratório – busca financiamento coletivo de cerca de US$ 500 mil para avançar no desenvolvimento e atrair parcerias com montadoras ou sistemistas.
Com potencial para revolucionar o mercado automotivo e além, a RatioZero promete redefinir a maneira como eficiência e flexibilidade são entregues em sistemas de transmissão. A Alter Ego agora aguarda os próximos passos rumo à comercialização e adoção em larga escala. Veja mais detalhes no vídeo abaixo:
