Nova leva de 5,5 mil carros da BYD no Brasil é vista com “preocupação” pela Anfavea; entenda
Entidade aponta risco para indústria nacional com alta de veículos importados e reforça necessidade de equilíbrio na balança comercial
César Tizo - março 5, 2025
A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) manifestou nesta quarta-feira (5) por meio de comunicado à imprensa sua “preocupação” com a chegada recente de um navio da chinesa BYD transportando mais de 5,5 mil automóveis importados ao Brasil. O alerta ocorre em um momento em que há mais de 40 mil unidades importadas em estoque no país, situação que pode afetar diretamente a produção nacional, os investimentos e os empregos na cadeia automotiva.
Desde julho de 2024, a alíquota do Imposto de Importação para veículos eletrificados é de 18% no caso dos elétricos, 20% para híbridos plug-in e 25% para híbridos convencionais. Segundo a Anfavea, esse patamar é insuficiente para conter a crescente entrada de veículos estrangeiros, tornando o mercado brasileiro um alvo preferencial para fabricantes que enfrentam barreiras tarifárias elevadas em outras regiões, como Estados Unidos e Canadá, onde as tarifas chegam a 100%, e Europa, onde podem atingir 48%.
Navio Explorer No.1 da BYD atracou novamente no Brasil em fevereiro com mais de 5.500 carros para desbordo no Portocel, em Aracruz (ES)
A entidade aponta que, em 2024, mais de 120 mil veículos chineses foram vendidos no Brasil, volume três vezes maior do que o registrado no ano anterior. Além disso, cerca de 55 mil unidades ficaram estocadas ao longo da virada para 2025. De acordo com a Anfavea, esse fluxo de importação sem precedentes ameaça a recuperação da indústria automotiva nacional, que desde o ano passado vem retomando investimentos, totalizando R$ 180 bilhões, parte deles direcionada ao desenvolvimento de veículos eletrificados dentro do programa Mover (Mobilidade Verde e Inovação).
O setor automotivo brasileiro emprega mais de 1,3 milhão de pessoas direta e indiretamente, e um desequilíbrio na balança comercial poderia comprometer essa estrutura. Embora a Anfavea apoie a chegada de novas marcas ao país, a entidade observa que muitas delas adiaram seus planos de produção local, o que acentua a dependência das importações.
Diante desse cenário, a associação reforça ao governo federal o pedido de recomposição imediata da alíquota de 35% para veículos eletrificados, além da publicação dos decretos que regulamentam o programa Mover, garantindo previsibilidade para os investimentos no setor.
Preocupação com importação de máquinas
No mesmo comunicado desta quarta-feira, a Anfavea também destacou a preocupação com o aumento expressivo das importações de máquinas autopropulsadas, incluindo compras públicas realizadas por empresas sem estrutura fabril significativa no Brasil.
A entidade denuncia que algumas dessas empresas possuem menos de 20 funcionários, impactando negativamente a geração de empregos, a competitividade da indústria nacional e a qualidade do suporte técnico oferecido aos clientes. O avanço dessas importações resultou em um déficit comercial no setor pelo segundo ano consecutivo, com o valor do déficit dobrando em 2024.
A entidade espera que o poder público tome medidas para evitar que essa tendência prejudique ainda mais o nível de emprego no país e a capacidade de inovação da indústria brasileira.
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