Brasil pode evitar 6 milhões de toneladas de CO₂ se motoristas optarem pelo etanol
Expansão do biocombustível pode reduzir emissões e fortalecer economia nacional, aponta estudo da Copersucar
César Tizo - março 11, 2025
O Brasil, pioneiro no desenvolvimento do etanol e do motor flex, vive um momento estratégico para expandir o consumo de biocombustíveis e consolidar o etanol hidratado como solução acessível e eficaz para a descarbonização dos transportes. Segundo estudo da Copersucar sobre mobilidade, o consumo de combustíveis do Ciclo Otto continuará crescendo e deve superar 70 bilhões de litros por ano na próxima década, abrindo espaço para maior participação do etanol na matriz energética.
O levantamento revela também mudanças no comportamento dos brasileiros em relação ao transporte. O uso de ônibus caiu de 49% para 34% nos últimos sete anos, enquanto a preferência por veículos próprios subiu de 22% para 30%. Já os aplicativos de transporte, praticamente inexistentes em 2017, hoje respondem por 11% dos deslocamentos e, somados às entregas, já representam 15% do consumo total de combustíveis do Ciclo Otto. Esse cenário impulsionou a quilometragem média anual dos veículos, que passou de 13 para 14,5 mil quilômetros, especialmente devido aos automóveis usados para transporte por aplicativo, que rodam até cinco vezes mais do que os particulares.
Mesmo com 83% da frota nacional composta por veículos flex, a gasolina ainda é a escolha de abastecimento para mais de 70% desses carros. A Copersucar acredita que esse cenário pode mudar com a adoção de políticas públicas voltadas para a eficiência energética e descarbonização, aliadas a campanhas de conscientização sobre os benefícios econômicos e ambientais do etanol. Desde a implementação do motor flex em 2003, a substituição da gasolina pelo etanol evitou a emissão de cerca de 280 milhões de toneladas de CO₂eq, melhorando a qualidade do ar.
Outro desafio apontado no estudo é a idade da frota brasileira. Veículos com mais de 11 anos de uso, que representavam 30% do total em 2015, hoje ultrapassam 50%. Nesse contexto, o etanol pode ser uma alternativa para reduzir as emissões, mesmo com a renovação da frota em ritmo mais lento.
A Copersucar projeta que, mesmo se os eletrificados chegarem a 50% das vendas de novos veículos até 2035, os flex ainda serão predominantes, representando pelo menos 75% da frota em circulação. Além disso, um aumento de 10% no uso do etanol em relação à gasolina evitaria a emissão de 6 milhões de toneladas de CO₂eq e criaria demanda adicional de 5 bilhões de litros do biocombustível.
No aspecto econômico, a dependência do etanol evitou que o Brasil importasse cerca de 430 bilhões de litros de gasolina ao longo dos anos, o que representaria um gasto de mais de 300 bilhões de dólares – valor próximo ao total das reservas internacionais do país. O cenário reforça a importância de programas como o RenovaBio, o Combustível do Futuro e o Mover, que incentivam o uso de biocombustíveis e fortalecem a estratégia nacional de descarbonização.
“O Brasil tem todas as condições para liderar a transição energética mundial. Com meio século de experiência, tecnologia e infraestrutura, o etanol está pronto para desempenhar um papel ainda maior nesse processo”, destaca Tomás Manzano, presidente da Copersucar.
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