Máquinas agrícolas no Brasil: estudo inédito vai revelar a distribuição e os desafios da frota
Levantamento mapeia mecanização no campo e aponta tendências para modernização do setor
César Tizo - março 20, 2025
A mecanização agrícola é um dos pilares da produtividade do agronegócio brasileiro, mas sua distribuição ainda reflete as desigualdades do setor.
Enquanto grandes propriedades investem em tecnologia para otimizar a produção, pequenos produtores enfrentam dificuldades para modernizar suas operações. Um estudo inédito da [BIM]³ – Boschi Inteligência de Mercado, intitulado Panorama Setorial “Decifrando o Cenário de Máquinas Agrícolas”, busca preencher essa lacuna ao mapear a frota nacional de tratores, pulverizadores e colheitadeiras, trazendo um diagnóstico preciso sobre a mecanização no campo.
De acordo com o último Censo Agropecuário (2017), 81,4% dos estabelecimentos agrícolas no Brasil possuem menos de 50 hectares, mas ocupam apenas 12,8% da área total. Já as propriedades com mais de 2.500 hectares representam apenas 0,3% dos estabelecimentos, mas concentram 32,8% das terras agrícolas. Esse contraste territorial influencia diretamente o acesso a máquinas agrícolas, concentradas majoritariamente em fazendas de maior porte.
O estudo da BIM³ foca em propriedades acima de 200 hectares, que concentram 70% da área rural do país. “Esse recorte permite um diagnóstico mais fiel da mecanização, sem excluir os pequenos produtores, mas garantindo uma visão estratégica sobre os padrões de compra, renovação de frota e desafios do setor”, explica Luís Henrique Vinha, sócio-conselheiro do estudo.
Retrato da frota agrícola
A mecanização acompanha a dinâmica da produção agrícola e varia conforme a cultura cultivada. Grandes produtores de grãos, cana-de-açúcar e algodão investem continuamente na renovação da frota para reduzir custos operacionais e aumentar a eficiência. Já pequenos e médios produtores, com menor poder de investimento, recorrem a alternativas como locação, compra de máquinas usadas ou a adaptação de equipamentos mais antigos.
O levantamento da BIM³ trará um panorama detalhado sobre a frota agrícola no Brasil, analisando sua distribuição por região, cultura e tamanho de propriedade. Além disso, o estudo identificará a idade média dos equipamentos, hábitos de manutenção, percepção de marcas e o impacto das novas tecnologias nas decisões de compra.
A idade da frota e a crescente demanda por equipamentos mais eficientes e sustentáveis são fatores centrais no debate sobre modernização. “A mecanização agrícola é um ativo estratégico para o agronegócio, mas até hoje não havia um estudo detalhado sobre sua real dimensão e estado de conservação”, destaca Vinha. “Com esse levantamento, montadoras, fornecedores de peças, instituições financeiras e formuladores de políticas públicas terão, pela primeira vez, um retrato preciso da mecanização nacional.”
A pesquisa teve início em fevereiro de 2025 e os resultados serão divulgados em julho deste ano. A entrega final contará com relatórios detalhados e dashboards interativos, permitindo uma análise aprofundada para diferentes setores do mercado. Com isso, o estudo promete abrir um novo capítulo para a mecanização agrícola no Brasil, fornecendo dados essenciais para decisões estratégicas que impactarão o futuro do campo.
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