Marcelo Cavalcante | Híbridos leves e plug-in disparam e puxam alta de eletrificados
Fiat surpreende e assume vice-liderança entre as marcas, enquanto BYD domina com ampla oferta de modelos; vendas somam mais de 50 mil unidades no 1º trimestre
César Tizo - abril 4, 2025
Consultor Marcelo Cavalcante de Lima nos traz uma análise completa sobre o mercado de veículos eletrificados no Brasil considerando o fechamento do 1º trimestre de 2025:
No mês de março, o segmento de veículos elétricos e híbridos vendeu 17.966 unidades. Na comparação com fevereiro, as vendas cresceram 10,49%, e, em relação ao mesmo mês de 2024, o segmento avançou 33%.
No acumulado do ano, já foram vendidas 50.723 unidades, volume 40,60% acima do registrado em 2024. Desde 2012, foram comercializados 398.141 veículos eletrificados no Brasil.
Os veículos híbridos plug-in fecharam o trimestre com uma participação de 37,67%, com 19.109 unidades vendidas, um crescimento de 85% sobre o ano anterior.
Os modelos 100% elétricos somaram 12.972 unidades, com 25,57% de participação. As vendas dessa tecnologia recuaram 8% na comparação com 2024.
Os híbridos leves, impulsionados pela chegada da Fiat, registraram alta de 198% no trimestre, com 11.253 unidades vendidas.
Já os híbridos puros (HEV) anotaram queda de 6% em relação a 2024, com 7.389 veículos emplacados no período.
A BYD liderou as vendas de eletrificados, com 21.678 unidades, um crescimento de 45,25% ante 2024. A Fiat assumiu a vice-liderança com 7.400 unidades, e a GWM completou o top 3, com 6.693 veículos e avanço de 16,68%.
O segmento concentrou 95% de suas vendas em 10 marcas. No primeiro trimestre, 51 fabricantes diferentes comercializaram ao menos um veículo eletrificado.
O consumidor deve ficar atento: muitos modelos importados com alíquotas reduzidas devem sair do mercado devido ao baixo volume de vendas — prejuízo praticamente certo nesses casos.
Outro ponto de atenção é a dinâmica acelerada de lançamentos e atualizações entre as marcas chinesas. Alguns modelos recebem mudanças em menos de seis meses de mercado, especialmente em termos de bateria. Isso acarreta maior depreciação, embora algumas marcas ofereçam possibilidade de troca direta, o que ameniza o impacto. É preciso lembrar: carro, há tempos, deixou de ser investimento.
Para o restante do ano, há muitas novidades, com estreias já em andamento como as marcas Neta, Zeekr, GAC, OMODA & JAECOO, Geely, Leapmotor, Cadillac e Riddara.
Além das novas marcas, as montadoras já instaladas também vão reforçar o segmento com a nacionalização de modelos híbridos e híbridos leves (HEV e MHEV).
O volume de importações deve ser tema de debates por parte das entidades que representam as fabricantes locais, sobretudo pela postergação dos planos de produção nacional das novas entrantes.
Elétricos
O BYD Dolphin Mini liderou entre os modelos elétricos no trimestre, com 6.554 unidades e crescimento de 163%. Em 2024, o modelo começou a ser vendido apenas em março, o que explica parte do avanço. As vendas médias se mantêm estáveis.
O BYD Dolphin ficou em segundo, com 1.960 unidades e queda de 63% frente a 2024. Parte dos consumidores migrou para a versão menor.
O Volvo EX30 fechou o top 3 com 909 unidades. Lançado oficialmente em maio de 2024, o modelo teve média de 340 vendas mensais no ano passado.
A queda nas vendas de muitos modelos elétricos neste trimestre pode sinalizar uma mudança de estratégia. A tecnologia como um todo recuou 8% mesmo com os reforços de EX30 e Dolphin Mini.
Híbridos plug-in (PHEV)
Os veículos com tecnologia plug-in lideraram entre os eletrificados no 1º trimestre, com crescimento de 85%.
A gama BYD Song foi o mais vendido, com 8.650 unidades e alta de 77,76%. Em segundo, a linha GWM Haval H6, com 4.328 unidades e avanço de 91%. O BYD King ficou em terceiro, com 3.057 unidades.
O crescimento se deve à chegada de versões mais acessíveis, que migraram consumidores de outras marcas. A versão mais barata do Song respondeu por 70% das vendas do modelo; no caso do Haval H6, foram 48%.
Outro atrativo está nos pacotes de opcionais, muitas vezes oferecidos já nas versões de entrada — por menos de R$ 200 mil, é possível adquirir equipamentos normalmente restritos a modelos premium.
A autonomia também favorece: com uso disciplinado, é possível rodar apenas no modo elétrico na cidade. Há ainda benefícios fiscais, como isenção ou redução de IPVA em algumas regiões.
Híbridos puros (HEV)
Os híbridos puros (HEV) tiveram queda de 6% no trimestre, com 7.389 unidades.
O Toyota Corolla Cross liderou, com 2.245 unidades e retração de 29,34% frente ao ano anterior. O modelo dominou por anos o segmento, mas agora enfrenta concorrência acirrada. As atualizações recentes corrigiram falhas iniciais. A Toyota mantém uma base fiel de consumidores, mas precisa recuperar o fôlego.
Na segunda posição ficou o Toyota Corolla, com 1.485 unidades e crescimento de 10,74%. O sedã mantém bons números mesmo com a ascensão dos SUVs.
O GWM Haval H6 HEV2 completou o trio com 1.439 unidades, queda de 9,33%.
Apesar da queda, os HEVs seguem como excelente alternativa na transição energética. A chegada do Toyota Yaris Cross deve impulsionar a categoria. Vale lembrar que há diferenças técnicas significativas entre os sistemas HEV de cada marca — tema para um próximo artigo.
Híbridos leves (MHEV)
Os híbridos leves foram destaque no trimestre, com 11.253 unidades vendidas e crescimento de 198% frente a 2024.
O Fiat Fastback liderou, com 4.004 unidades, seguido do Fiat Pulse com 3.396 e o CAOA Chery Tiggo 7 Pro Hybrid com 444.
A Fiat acertou ao apostar na tecnologia MHEV para iniciar sua transição na eletrificação. A comunicação foi clara, sem promessas exageradas. Os modelos não trazem economia expressiva de combustível, mas ajudaram a cumprir as normas de emissões sem repassar grandes custos ao consumidor.
Outras marcas devem seguir o mesmo caminho, democratizando o acesso à eletrificação.
Pulse e Fastback Hybrid: destaque entre os híbridos leves
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