Dia do Trabalho: motoristas de app já ganham mais que profissionais com carteira assinada
Levantamento mostra que, mesmo fora da CLT, motoristas de aplicativo têm renda líquida superior à de ocupações formais comuns no Brasil
César Tizo - maio 1, 2025
No Dia do Trabalho, uma nova realidade do mercado brasileiro chama atenção: motoristas de aplicativo vêm superando financeiramente os profissionais de algumas das funções formais mais comuns do país. Mesmo atuando como autônomos e fora do regime da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), esses trabalhadores têm obtido rendimentos líquidos mais altos do que cargos tradicionais com carteira assinada.
Dados do Ministério do Trabalho mostram que as cinco ocupações formais mais comuns no Brasil — assistente administrativo, auxiliar de escritório, vendedor de comércio varejista, faxineiro e caminhoneiro — empregam 12,9 milhões de pessoas, com renda média mensal de R$ 2.298.
Por outro lado, a atividade por aplicativo segue em expansão. Segundo o Cebrap e a Associação Brasileira de Mobilidade e Tecnologia (Amobitec), o país contabilizou 1,72 milhão de motoristas atuando por plataformas digitais entre maio de 2023 e abril de 2024 — alta de 35% frente ao período anterior. Já os entregadores por app somam 455 mil, crescimento de 18%.
A renda líquida dos motoristas chama atenção. Em São Paulo, levantamento do GigU indica um faturamento mensal médio de R$ 8.571,42, com lucro líquido de R$ 3.701,31 após os custos com combustível, IPVA e manutenção. No Rio de Janeiro, o ganho líquido médio é de R$ 3.210,77. A jornada semanal varia de 54 a 60 horas.
Embora o rendimento líquido supere o das profissões formais de base, os motoristas enfrentam desafios importantes, como jornadas longas, ausência de garantias trabalhistas e altos custos operacionais. “É comum vermos profissionais estendendo suas jornadas para garantir um rendimento maior, ainda que isso signifique lidar com exaustão e gastos altos”, afirma Luiz Gustavo Neves, CEO e cofundador da GigU, plataforma de apoio a motoristas.
A tendência reforça a transformação do mercado de trabalho no Brasil, cada vez mais marcado por formatos alternativos de ocupação. O desafio, agora, é valorizar o trabalho em todas as suas formas, com políticas que garantam dignidade e sustentabilidade para os trabalhadores, sejam eles formais ou autônomos.
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