Importações asiáticas e guerra tarifária dos EUA acendem alerta na indústria de pneus no Brasil
Setor registra queda de 3,1% nas vendas no 1º trimestre e teme impacto ainda maior com redirecionamento de exportações asiáticas para o mercado brasileiro
César Tizo - maio 3, 2025
A indústria nacional de pneus está em estado de alerta diante de dois movimentos simultâneos que podem agravar ainda mais o cenário já desafiador do setor: a retração nas vendas no mercado interno e os desdobramentos da guerra tarifária entre Estados Unidos e países asiáticos. De acordo com dados divulgados pela Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos (ANIP), o setor registrou queda de 3,1% nas comercializações no primeiro trimestre de 2025 em comparação com igual período do ano passado — foram 11.729.112 unidades vendidas, contra 12.099.686 no mesmo intervalo de 2024.
A principal pressão veio do mercado de reposição, que recuou 9,2% e puxou para baixo o desempenho geral. As vendas para o consumidor final passaram de 9,31 milhões para 8,46 milhões de unidades. O único segmento com desempenho positivo foi o de fornecimento para montadoras, com alta de 17,4%, saltando de 2,78 milhões para 3,26 milhões de unidades.
Segundo a ANIP, o aumento das tarifas aplicado pelos Estados Unidos a pneus de origem asiática deve redirecionar parte da produção excedente da Ásia para mercados com menor proteção comercial — como é o caso do Brasil. A entidade teme que o país se torne o novo foco dessas exportações, o que pode intensificar a entrada de produtos a preços artificialmente baixos, comprometendo a competitividade da indústria local.
“Há cerca de quatro anos estamos enfrentando uma invasão de pneus importados da Ásia, que muitas vezes entram no país com preços abaixo do custo de produção nacional”, alerta a ANIP em comunicado. “Sem uma defesa comercial agressiva, o Brasil corre o risco de acelerar ainda mais seu processo de desindustrialização.”
Mesmo com os mecanismos de defesa comercial atualmente em vigor, a entidade avalia que serão necessárias ações mais rígidas e eficazes para evitar novos prejuízos à cadeia produtiva. O setor emprega 32 mil pessoas diretamente e mais de 500 mil de forma indireta em 11 fabricantes instalados em sete estados, com capacidade produtiva suficiente para abastecer o mercado interno.
Além dos impactos econômicos, a ANIP destaca o trabalho ambiental desenvolvido pelas fabricantes por meio da Reciclanip, maior entidade de logística reversa de pneus da América Latina. A associação afirma confiar que o governo brasileiro está sensível ao tema e deverá adotar medidas que protejam a produção nacional, diante de um cenário externo cada vez mais competitivo e desbalanceado.
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