Marcelo Cavalcante | VW Polo lidera em abril e desbanca Fiat Strada no ranking mensal
Mercado acumula alta de 3,38% nas vendas do 1º quadrimestre, mas ainda está 10,8% abaixo da fase pré-pandemia
César Tizo - maio 5, 2025
Consultor Marcelo Cavalcante de Lima analisa o comportamento do mercado automotivo brasileiro em abril de 2025:
As vendas de automóveis e comerciais leves encerraram o mês de abril com 197.030 unidades emplacadas, resultado 7% superior ao de março e 5,31% inferior ao registrado no mesmo período de 2024.
Como os meses possuem número distinto de dias úteis, uma forma mais precisa de análise é pela média diária. Em abril, essa média foi de 9.852 unidades, representando alta de apenas 1,66% em relação a março e crescimento de 4,16% sobre abril de 2024.
No acumulado do primeiro quadrimestre, o mercado soma 714.758 unidades, alta de 3,38% sobre 2024. Ainda assim, o volume está 10,80% abaixo do registrado no ciclo pré-pandemia, ficando inclusive aquém de 2018.
Os veículos importados encerram o quadrimestre com participação superior a 20%. Mantido o ritmo atual, o ano pode fechar com mais de 530 mil unidades importadas, ante 294.541 veículos (11% de participação) em 2019.
O varejo acumulou participação de 52,42% no quadrimestre, com 374.644 unidades, queda de 0,86% sobre o ano anterior. Já as vendas diretas (atacado) sustentaram o crescimento do setor, com avanço de 8,50%, somando 340.114 unidades e 47,58% de participação.
Ao contrário de 2023 — quando o varejo só foi superado pelo atacado no último trimestre —, neste ano, o segundo bimestre já foi marcado por forte presença das vendas diretas. Em abril, o varejo caiu 10% ante igual mês do ano anterior.
Parte dessa retração pode ser atribuída às estratégias das próprias montadoras, que em um mercado de crescimento moderado, priorizam a margem de lucro, lançando produtos em faixas de preço elevadas.
A perda de poder aquisitivo da população, somada ao patamar elevado das taxas de juros, também pressiona a demanda. Muitos consumidores migraram para o mercado de usados ou para o setor de duas rodas. Reconquistar esses clientes exigirá tempo e estratégia.
Nesse contexto, o crescimento das vendas diretas é bem-visto e faz parte da estratégia de várias montadoras. Apesar de reduzir a margem do concessionário, exige menos capital de giro para manter estoques. A consolidação do carro por aplicativo no pós-pandemia também impulsiona esse canal de vendas.
Avanço das novas energias
As vendas de veículos eletrificados seguem em alta. Dados prévios indicam volume recorde em abril, com 19.848 unidades — alta de 10,5% sobre março. No acumulado do ano, são 70.563 unidades, crescimento de 37,61%.
Os híbridos plug-in (PHEV) lideraram no primeiro quadrimestre: 7.775 unidades vendidas em abril (+13,92%) e 26.881 no ano (+94% ante 2024). A expansão tem forte contribuição das marcas chinesas.
Os elétricos puros (BEV) somaram 4.704 unidades em abril e 17.676 no ano, queda de 15%. Parte dos consumidores está migrando para híbridos, sobretudo os plug-in.
Já os híbridos leves (MHEV) cresceram 43% só em abril. No quadrimestre, somam 16.496 unidades (+198%). Os híbridos convencionais (HEV), líderes gerais, venderam 9.510 unidades, recuo de 13,47%.
Desempenho das marcas
Chegou o momento de avaliar o desempenho das montadoras, considerando volume total, participação no varejo e atacado, e comparação com o ciclo pré-pandemia.
Algumas marcas se destacaram positivamente no primeiro quadrimestre; outras, já acendem o sinal de alerta. Entre as dez mais vendidas, oito registraram volume abaixo do período pré-pandemia. Apesar dos desafios, os mais de R$ 120 bilhões em investimentos futuros mostram capacidade de reação do setor.
A Fiat encerrou abril com 42.907 unidades e acumulou 153.494 no quadrimestre, alta de 6,88% sobre 2024 e avanço de 40,81% sobre o pré-pandemia. A marca concentrou 65,90% das vendas no atacado e 34,10% no varejo, com market share de 21,47% (+0,70 p.p.).
A Volkswagen ficou em segundo, com 32.306 unidades em abril e 111.130 no quadrimestre (+0,79% ante 2024, mas -3,49% em relação ao pré-pandemia). O atacado respondeu por 61,29% das vendas.
A GM ficou na terceira posição, com 76.328 unidades no acumulado (-12% sobre 2024 e -47,14% ante o ciclo pré-pandemia). Em abril, a marca vendeu 20.520 veículos.
A Hyundai foi o maior destaque de abril entre as marcas de volume, com crescimento de 30,51% e 16.615 unidades emplacadas.
A BYD ficou em 8.º lugar no mês e já ocupa a 9.ª colocação no ano, com 30.156 unidades. A marca promete iniciar a produção nacional no segundo semestre.
Entre as marcas premium, a BMW lidera, com 4.886 unidades — seu melhor 1.º quadrimestre no Brasil. A Volvo aparece em segundo, com alta de 41,27%, e a Mercedes-Benz em terceiro, com 2.524 unidades (+42%), sem contar os comerciais Sprinter.
Ranking de modelos
O VW Polo liderou abril com 10.932 unidades e ocupa a segunda posição no acumulado, com 32.913 (-17,34%). Suas vendas foram divididas em 56% no varejo e 44% no atacado.
A Fiat Strada foi o segundo veículo mais emplacado em abril (10.076) e segue líder no ano (38.077, +3,41%), com 64,40% das vendas no atacado.
O Fiat Argo foi o terceiro no mês e no quadrimestre, com 28.168 unidades (+5,69%).
No varejo, o modelo mais vendido no quadrimestre foi o Hyundai Creta. Nas vendas diretas, a liderança ficou com a Strada.