Nissan anuncia plano global de reestruturação com corte de 20 mil empregos e fechamento de fábricas
Objetivo é alcançar lucro operacional e fluxo de caixa positivo até 2026, com cortes de 500 bilhões de ienes em custos fixos e variáveis, redução de plataformas e foco renovado em engenharia e mercados estratégicos
César Tizo - maio 13, 2025
A Nissan Motor Co., Ltd. anunciou nesta terça-feira (13) o plano Re:Nissan, uma ampla reestruturação global que prevê ações ousadas para tornar a companhia mais ágil, eficiente e lucrativa, diante da pressão por resultados mais sólidos no ano fiscal de 2024 e de um cenário macroeconômico incerto. Sob nova liderança, a marca japonesa estabelece metas ambiciosas: cortar 500 bilhões de ienes (cerca de R$ 16,5 bilhões) em custos fixos e variáveis até 2026 e atingir fluxo de caixa e lucro operacional positivos na divisão automotiva até o fim do período.
O presidente e CEO da Nissan, Ivan Espinosa, destacou a urgência da transformação: “Diante dos desafios de performance e do aumento nos custos variáveis, combinados a um ambiente externo de incertezas, devemos priorizar melhorias internas com mais urgência e rapidez, com a meta de atingir uma lucratividade que dependa menos dos volumes”, afirmou.
Meta é cortar 20 mil empregos e fechar 7 fábricas de veículos
Entre as medidas mais duras do plano está a redução de 20 mil postos de trabalho entre 2024 e 2027. Os cortes já incluem 9 mil funções anunciadas anteriormente e abrangem áreas diretas e indiretas, inclusive terceirizadas, afetando a produção, funções administrativas e marketing. Além disso, a montadora vai reduzir o número de fábricas de produção de veículos de 17 para 10 até o ano fiscal de 2027, bem como cancelar projetos considerados não prioritários, como a fábrica de baterias LFP em Kyushu, no Japão.
Veja abaixo um resumo dos principais pontos do plano Re:Nissan:
Metas financeiras do Re:Nissan até o ano fiscal de 2026
Indicador
Meta
Redução de custos totais
500 bilhões de ienes (~R$ 16,5 bilhões)
– Redução de custos variáveis
250 bilhões de ienes (~R$ 8,25 bilhões)
– Redução de custos fixos
250 bilhões de ienes (~R$ 8,25 bilhões)
Lucro operacional
Meta de retorno até FY 2026
Fluxo de caixa livre
Meta de retorno até FY 2026
Principais medidas operacionais
Área
Ação planejada
Produção
Redução de 17 para 10 fábricas de veículos até 2027
Pessoal
Corte de 20 mil postos de trabalho até 2027
P&D
Redução de 20% no custo médio da força de trabalho por hora
Complexidade de componentes
Redução de 70%
Plataformas veiculares
De 13 para 7 plataformas até 2035
Tempo de desenvolvimento
Novo modelo: 37 meses para 1º carro e 30 meses para derivados
Cancelamentos
Fábrica de baterias de ferro-lítio em Kyushu será cancelada
Eficiência e engenharia: foco em custos e velocidade
A Nissan criou uma nova área multidisciplinar com 300 especialistas sob o comando de um Chief TdC Officer, com autoridade direta para revisar custos e processos. Essa equipe será responsável por implementar medidas de economia que enxuguem a engenharia e aumentem a velocidade de lançamento de novos produtos. Um dos exemplos do novo ciclo é o desenvolvimento do novo Nissan Skyline, um SUV global da marca e um SUV compacto da Infiniti, todos sob o novo modelo de desenvolvimento mais ágil.
Além disso, a montadora vai realocar 3 mil profissionais de áreas de produto avançadas (atividades que estavam previstas para depois de 2026) para focar diretamente em ações de corte de custos.
Estratégia de produto e mercado: foco em SUVs e eletrificação
A empresa também redesenha sua presença global. A estratégia de mercado foca nos principais polos automotivos, com ações específicas para cada região:
Estados Unidos: aposta na eletrificação (híbridos) e relançamento da marca Infiniti.
Japão: reforço da linha com novos modelos.
China: foco nos NEVs (novas energias) e exportação para outros mercados.
Europa: atuação forte nos segmentos B (compactos) e C (médios) de SUVs.
Oriente Médio: destaque para SUVs grandes e produtos vindos da China.
México: continua como polo exportador estratégico.
Parcerias e novos projetos
O plano também reforça a continuidade da Aliança Renault-Nissan-Mitsubishi e a parceria com a Honda em tecnologias de eletrificação e condução inteligente. Um dos primeiros frutos da nova fase será um novo veículo elétrico para a Mitsubishi baseado na próxima geração do Nissan Leaf, direcionado ao mercado norte-americano.
Plano abrangente
O Re:Nissan é o plano mais abrangente da montadora desde a crise que sucedeu a prisão de Carlos Ghosn. Embora ambicioso, ele estabelece prazos e metas claras para que a Nissan retome o protagonismo no cenário global. A redução drástica de custos, o enxugamento estrutural e o foco renovado em engenharia e produto buscam transformar a empresa em uma organização mais ágil e menos dependente de volume.
A Nissan espera que, com essa reestruturação profunda, seja possível não apenas recuperar a lucratividade, mas também garantir resiliência frente às mudanças rápidas do setor automotivo. Aqui no Brasil, a Nissan tem como grande destaque para este ano o lançamento da nova geração do Kicks, que fará sua estreia ainda neste semestre e já começou a ser produzida em Resende (RJ).
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