Preço alto do carro 0 km empurra brasileiro para o seminovo
Com valorização de quase 8% no ano e crescimento nas vendas, seminovos ganham espaço diante do carro 0 km mais caro
César Tizo - junho 6, 2025
A disparada nos preços dos carros novos tem mudado o comportamento do consumidor brasileiro. Diante da dificuldade de acesso ao 0 km, cada vez mais compradores migram para o mercado de seminovos. No primeiro bimestre de 2025, a venda de usados cresceu 7% frente ao mesmo período do ano anterior, somando mais de 2,5 milhões de unidades comercializadas. A expectativa de crescimento para o mercado de veículos novos no mesmo intervalo é menor, de 5% ao longo do ano.
Segundo levantamento da Auto Avaliar, empresa especializada no segmento, o preço médio dos seminovos chegou a R$ 87.107 em abril — um aumento de 7,92% no acumulado do ano, quase três vezes acima da inflação oficial (IPCA), que ficou em 2,48%. Mesmo com essa valorização, a diferença frente ao novo ainda pesa na decisão de compra: um Fiat Mobi Like 0 km pode ser negociado em promoção por R$ 74.990, enquanto a versão 2024 seminova sai por cerca de R$ 62.662, uma diferença de 16,3%. Se for o modelo 2023, o valor médio cai para R$ 59.259 — 21% mais barato.
Seminovos mais atrativos
“O seminovo se mostra atrativo porque já sofreu a desvalorização inicial de mercado e, ao mesmo tempo, é possível encontrar veículos completos e com baixa quilometragem”, explica J. R. Caporal, CEO da Auto Avaliar. Além disso, o IPVA e o seguro costumam ser mais baratos, e a oferta é ampla: o estudo envolveu dados de 2.867 concessionárias de 23 marcas.
Outro ponto que reforça o aquecimento do setor é a agilidade nas vendas. O giro de estoque em abril foi de apenas 38 dias, com margem bruta de 11% nas concessionárias. Segundo Caporal, o valor médio atual dos seminovos já supera o praticado por modelos de entrada novos, mas entrega mais equipamentos e conforto.
Escalada dos preços
A escalada dos preços dos novos tem origem em múltiplos fatores. Entre os principais, estão a valorização do dólar, a falta de peças como semicondutores e o aumento de custos com novas regulamentações. Nos últimos cinco anos, enquanto a inflação oficial variou entre 4,52% e 10,06% ao ano, os valores dos automóveis praticamente dobraram. Enquanto há 10 anos o valor dos modelos mais baratos do mercado ficava em torno de R$ 25 mil, atualmente os preços gravitam em R$ 75 mil.
Para quem está de olho no seminovo, a recomendação é atenção redobrada. Verificar histórico, documentação e estado do carro, além de realizar test drive e checagem com mecânico de confiança, são passos fundamentais. Também vale consultar se o modelo tem recalls pendentes e considerar a liquidez futura do veículo.
“Não basta gostar do carro. É importante saber como será a aceitação do modelo no mercado no momento da revenda”, alerta Caporal. Segundo ele, algumas montadoras têm lançado promoções para tentar diminuir o impacto da diferença de preços e estimular a compra do novo, mas a decisão final do consumidor segue influenciada pelo custo-benefício e pela taxa de juros do financiamento.
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