Brasil volta a ser autossuficiente em gasolina com adoção do E30; preço nos postos deve cair
Nova mistura com 30% de etanol entra em vigor em agosto e promete reduzir a conta do consumidor sem prejudicar motores, aponta estudo
César Tizo - junho 25, 2025
O Brasil voltará a ser autossuficiente na produção de gasolina a partir de 1º de agosto, quando entra em vigor a nova mistura obrigatória com 30% de etanol anidro, o chamado E30. A decisão foi aprovada pelo Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) nesta quarta-feira (25) e faz parte de uma estratégia do governo federal para reduzir a dependência externa, baixar o preço dos combustíveis e ampliar o uso de fontes renováveis na matriz energética.
Com a nova política, o país poderá gerar um excedente exportável estimado em 700 milhões de litros de gasolina por ano. Segundo o Ministério de Minas e Energia (MME), o aumento da mistura deve proporcionar uma redução média de até R$ 0,20 por litro nos postos. O ministro Alexandre Silveira afirmou que, com a mudança, o Brasil encerra um ciclo de 15 anos de necessidade de importações e dá um passo importante rumo à soberania energética.
A medida também prevê o aumento da mistura de biodiesel no diesel fóssil, passando de 14% para 15% (B15), o que deve contribuir com a descarbonização do transporte pesado e incentivar o agronegócio.
Impacto nos motores
Um dos principais questionamentos a respeito do E30 era o impacto da nova proporção de etanol sobre o desempenho e a durabilidade dos motores. Para esclarecer esse ponto, o MME coordenou um amplo programa de testes em parceria com o Instituto Mauá de Tecnologia, envolvendo 16 modelos de veículos leves e 13 motocicletas de diferentes motorizações, tecnologias e idades.
Os ensaios avaliaram dirigibilidade, partidas a frio e a quente, aceleração, retomadas, consumo e emissões em condições reais de uso. Os resultados demonstraram que a transição do E27 para o E30 não compromete o funcionamento dos veículos. As variações observadas em desempenho foram mínimas e concentradas em modelos mais antigos e de baixa potência, não sendo consideradas impeditivas para a adoção da nova mistura.
“Não foram observadas diferenças no comportamento dos veículos que sejam justificadas pela alteração de combustível. Também não houve alteração relevante nos ensaios de emissões e consumo”, conclui o relatório do Instituto Mauá.
Em relação às motocicletas, o estudo mostrou que dificuldades nas partidas a frio ocorreram tanto com E27 quanto com E30, especialmente nos modelos carburados, o que reforça que o problema está mais ligado à tecnologia dos motores do que à nova proporção de etanol.
Investimentos e empregos
A mudança na mistura deve movimentar toda a cadeia produtiva de biocombustíveis. Estima-se que apenas com a adoção do E30 serão gerados mais de R$ 10 bilhões em investimentos e mais de 50 mil novos postos de trabalho, especialmente no setor sucroalcooleiro. No caso do B15, o impacto também é relevante: R$ 5 bilhões em novas usinas e a criação de mais de 4 mil empregos diretos.
Fim do PPI e estreia do PPE
Com o fim da política de Preço de Paridade de Importação (PPI), o governo também anunciou que o preço dos combustíveis passará a ser balizado por uma nova metodologia, o Preço de Paridade de Exportação (PPE), compatível com a nova realidade de autossuficiência. A expectativa é que isso contribua ainda mais para manter os preços sob controle e reduzir os impactos da inflação.
A iniciativa faz parte da Lei do Combustível do Futuro e posiciona o Brasil como líder mundial no uso de biocombustíveis. Para o governo federal, trata-se de um modelo energético em que o país consegue aliar segurança energética, crescimento econômico e preservação ambiental.
Alertas
Apesar do avanço técnico e ambiental representado pelo E30 e pelo B15, a medida também acende um sinal de alerta no setor. O Instituto Combustível Legal (ICL) manifestou preocupação com o aumento do risco de fraudes na ausência de mecanismos eficazes de controle.
“Expandir o uso de biocombustíveis sem garantir a integridade do produto e a fiscalização das misturas é abrir espaço para fraudes, perdas ambientais e prejuízos aos consumidores”, declarou o presidente do ICL, Emerson Kapaz.
A entidade alerta que, com a suspensão prevista do Programa de Monitoramento da Qualidade dos Combustíveis (PMQC), da ANP, e com restrições orçamentárias que afetam a atuação da agência reguladora, aumenta a vulnerabilidade do mercado a práticas irregulares — especialmente no caso do biodiesel, que tem maior valor agregado e, portanto, maior atratividade para adulterações.
Segundo o ICL, fraudes não apenas prejudicam o desempenho dos motores e desrespeitam o consumidor, como também comprometem as metas ambientais e geram desequilíbrios na concorrência, penalizando empresas que atuam dentro da legalidade.
Para o instituto, o reforço imediato da fiscalização deve ser prioridade estratégica para garantir que os benefícios do E30 e do B15 se materializem plenamente, sem retrocessos técnicos, ambientais ou econômicos.
Já a Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística (NTC&Logística) emitiu uma nota na qual “reitera que o aumento do percentual de biodiesel traz impactos negativos já comprovados em diversos aspectos técnicos, operacionais, ambientais e econômicos“.
De acordo com a NTC&Logística, desde a elevação da mistura para 14%, em março de 2024, empresas de transporte vêm relatando problemas recorrentes, como o aumento expressivo dos custos de manutenção.
“Estudo técnico da própria NTC&Logística aponta que o prazo de troca de filtros de combustível foi reduzido pela metade, resultando em um aumento de mais de 7% nos custos de manutenção por veículo e impacto superior a 0,5% no custo total das operações. Em frotas com 100 veículos, isso representa, ao longo de um ano, o equivalente ao valor de um caminhão novo“, relata a associação.
Além disso, segue a nota da NTC&Logística, análises realizadas pela Confederação Nacional do Transporte (CNT), por meio do documento “Estudos sobre o Biodiesel Brasileiro”, mostram que o biodiesel produzido no Brasil apresenta instabilidades importantes, com casos de contaminação já no momento de chegada às distribuidoras. Esse problema tem gerado obstrução de filtros, falhas mecânicas e aumento do risco de panes durante as viagens.
A situação se agrava em regiões de clima frio. Segundo relatos de transportadores e reportagens especializadas, houve registros de cristalização do combustível e congelamento de componentes, principalmente no Sul do país, levando à paralisação de veículos e gerando riscos diretos à segurança viária, finaliza o comunicado da NTC&Logística.
Nova gasolina (E30) chegará aos postos a partir de 1º de agosto
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EDUARDO TEIXEIRA KULL
1 dia atrás
VAI DAR MERDA!!!! É amplamente conhecido e utilizado o limite de 15% de etanol na gasolina nos EUA e Europa, com 3% a mais ou a menos. Este é o limite que permite ao motor a gasolina funcionar sem adaptações, poluindo menos e sem problemas de partida. 27% por cento, como é hoje, já é um absurdo; 30% é uma canalhice de quem é incompetente para domar o Ibama e assemelhados para permitir a exploração da margem equatorial, petróleo esse que poderia ser refinado por aqui mesmo, DISPENSANDO A CONTINUIDADE DA CONSTRUÇÃO DAQUELE CANTEIRO DE ROUBALHEIRA CHAMADO “ABREU E LIMA”. Lembrando também que tal nível de etanol no combustível pode vir a ser considerado uma barreira não tarifária a carros importados, deixando o país vulnerável a sanções e taxas.
EDUARDO TEIXEIRA KULL
1 dia atrás
Lembro também que diversos engenheiros afirmam que os atuais motores a Diesel não conseguem digerir mais biodíesel na mistura, ou seja, vão ser amplificados os problemas já existentes com a atual mistura de biodiesel e assim como a gasolina, pode gerar sanções ao país.
NO FIM, É O (DES)GOVERNO ATUAL ARRUMANDO UMA LEGISLAÇÃO PARA ENCOBRIR A SUA INCOMPETÊNCIA E INGERÊNCIA NA PETROBRAS, CONTRA A REVOLTA DO IBAMA CONTRA O GOVERNO FEDERAL E, AO FIM E AO CABO, TRANSFERINDO A RESPONSABILIDADE AOS USUÁRIOS DE GASOLINA E DIESEL.
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VAI DAR MERDA!!!! É amplamente conhecido e utilizado o limite de 15% de etanol na gasolina nos EUA e Europa, com 3% a mais ou a menos. Este é o limite que permite ao motor a gasolina funcionar sem adaptações, poluindo menos e sem problemas de partida. 27% por cento, como é hoje, já é um absurdo; 30% é uma canalhice de quem é incompetente para domar o Ibama e assemelhados para permitir a exploração da margem equatorial, petróleo esse que poderia ser refinado por aqui mesmo, DISPENSANDO A CONTINUIDADE DA CONSTRUÇÃO DAQUELE CANTEIRO DE ROUBALHEIRA CHAMADO “ABREU E LIMA”. Lembrando também que tal nível de etanol no combustível pode vir a ser considerado uma barreira não tarifária a carros importados, deixando o país vulnerável a sanções e taxas.
Lembro também que diversos engenheiros afirmam que os atuais motores a Diesel não conseguem digerir mais biodíesel na mistura, ou seja, vão ser amplificados os problemas já existentes com a atual mistura de biodiesel e assim como a gasolina, pode gerar sanções ao país.
NO FIM, É O (DES)GOVERNO ATUAL ARRUMANDO UMA LEGISLAÇÃO PARA ENCOBRIR A SUA INCOMPETÊNCIA E INGERÊNCIA NA PETROBRAS, CONTRA A REVOLTA DO IBAMA CONTRA O GOVERNO FEDERAL E, AO FIM E AO CABO, TRANSFERINDO A RESPONSABILIDADE AOS USUÁRIOS DE GASOLINA E DIESEL.