Motor flex etanol/diesel para caminhão será testado em campo a partir de 2026
Projeto da Cummins em parceria com Vale e Komatsu prevê caminhões de mineração com uso de até 70% de etanol
César Tizo - junho 25, 2025
A Cummins anunciou nesta terça-feira (24) o comissionamento de uma nova célula de teste dedicada ao desenvolvimento de motores bicombustíveis que operam cometanol e diesel. O avanço representa um marco importante no projeto conjunto com a Vale e a Komatsu, cujo objetivo é criar um caminhão de transporte de mineração com capacidade entre 230 e 290 toneladas movido por etanol e diesel, capaz de reduzir em até 70% as emissões de gases de efeito estufa.
Lançado oficialmente em julho de 2024, o programa busca adaptar motores diesel existentes da Komatsu — como o QSK60 — para operar com até70% de etanol, um combustível amplamente disponível no Brasil. O projeto surge como uma solução de transição para mineradoras que desejam descarbonizar suas operações sem abrir mão da produtividade e aproveitando a infraestrutura atual.
Segundo Luke Mosier, líder de programas de inovação da Cummins, o sistema bicombustível oferece ganhos significativos ao setor: “Além de reduzir CO₂, também diminuímos as emissões de óxidos de nitrogênio e material particulado, mantendo desempenho e eficiência”, destacou. Os testes laboratoriais seguirão até 2026, quando o projeto entrará na fase de validação em campo nas operações da Komatsu.
A iniciativa também reforça o compromisso das empresas envolvidas com metas ambientais ambiciosas. A Vale, por exemplo, estabeleceu o objetivo de reduzir em 33% suas emissões dos escopos 1 e 2 até 2030. O caminhão de transporte de grande porte é um dos maiores consumidores de diesel nas minas e, portanto, uma prioridade nos planos de descarbonização da mineradora.
“Esse projeto é uma peça-chave para atingirmos nossas metas de forma realista, usando o etanol como alternativa viável e sustentável”, afirmou Carlos Medeiros, vice-presidente executivo de Operações da Vale.
A Komatsu, fabricante dos veículos, também reforçou o potencial de curto prazo da tecnologia. Para Dan Funcannon, vice-presidente sênior de Transporte de Superfície, o bicombustível é uma resposta prática e escalável: “Ao lado da Cummins, estamos criando soluções tangíveis para um futuro de mineração sustentável”, disse.
As novas instalações de teste da Cummins em Seymour, Indiana (EUA) foram projetadas para atender motores de alta potência — entre 38 e 95 litros — e contam com sistemas avançados de medição de emissões e controle de qualidade dos combustíveis. A estrutura também permite testes com tecnologias complementares, como baterias, eletrônica de potência, sistemas híbridos e células a combustível, reforçando a atuação da empresa como referência em transição energética.
“A nova célula de teste é mais do que um avanço técnico: é um símbolo de colaboração entre empresas que compartilham a mesma visão de futuro”, concluiu Gbile Adewunmi, vice-presidente de Mercados Industriais da Cummins.
A aposta no etanol, especialmente no Brasil, se destaca por sua ampla disponibilidade e rede de abastecimento consolidada, oferecendo vantagens logísticas e ambientais em um setor historicamente dependente do diesel.
We use cookies to ensure that we give you the best experience on our website. If you continue to use this site we will assume that you are happy with it.Ok