SUV com tamanho do Focus pode ter a missão de salvar a Ford na Europa
Modelo será produzido na Espanha, terá opções híbrida e elétrica e pode salvar o nome Focus, já bem conhecido aqui no Brasil
César Tizo - setembro 11, 2025
A Ford está preparando o lançamento de um crossover inédito do tamanho do Focus como parte de uma reformulação estratégica radical de seus negócios na Europa, reporta a Autocar em apuração exclusiva divulgada nesta quinta-feira (11).
O modelo, previsto para 2027, será produzido em Valência, na Espanha, e marca o primeiro passo da montadora americana para retomar sua relevância no competitivo mercado europeu.
A decisão surge em momento crítico para a Ford na Europa. Com o fim da produção do Focus em novembro deste ano – quando a fábrica de Saarlouis, na Alemanha, será fechada – a montadora encerra a fabricação de outro ícone que ajudou a construir sua presença no continente. O Focus, que já foi vendido no Brasil entre 2000 e 2019, será o segundo modelo tradicional da marca a ser descontinuado após o Fiesta, retirado de linha em 2023.
Reconquista
O futuro crossover será fabricado na mesma linha de produção do Kuga, na fábrica de Valência, aproveitando a capacidade anual de 300 mil unidades. A estratégia prevê que o modelo seja oferecido com múltiplas opções de propulsão – desde híbridas até totalmente elétrica -, seguindo a filosofia já aplicada ao Puma.
“Percebemos que não estamos tão robustos quanto precisamos ser no lado dos carros de passeio“, admitiu Bill Ford, presidente executivo da montadora, em entrevista recente. “Estamos trabalhando em nossa estratégia futura agora. Mas acho que vocês ficarão surpresos – positivamente surpresos – com o que está por vir.”
Atual gama Ford Focus vendida na Europa
Posicionamento
O crossover será posicionado para competir diretamente com Volkswagen Tiguan, Kia Sportage e Hyundai Tucson – alguns dos SUVs mais vendidos da Europa. O preço estimado na faixa dos 35 mil euros busca preencher a lacuna entre o Puma elétrico (26 mil euros) e o Explorer (40 mil euros) na região.
A lacuna de preços evidencia um dos principais problemas atuais da Ford: seu portfólio europeu ficou, em média, mais caro do que em qualquer momento de sua história de 122 anos, limitando seu apelo ao mercado de massa.
Plataforma
O modelo utilizará a plataforma C2, a mesma do Focus atual, que já demonstrou versatilidade ao servir de base para diversos tipos de carrocerias globalmente. Embora ainda não tenha sido adaptada para tração 100% elétrica, a arquitetura deverá receber essa capacidade para o novo crossover.
A Ford também estuda implementar sistema range-extender (REx), confirmado pela empresa no ano passado como resposta à demanda global por essa tecnologia em SUVs e picapes, especialmente diante da desaceleração nas vendas de veículos puramente elétricos.
Ford Focus ST Edition
Contexto brasileiro
Para o mercado brasileiro, a estratégia da Ford na Europa pode servir de termômetro para futuros lançamentos. É inegável que o Focus, tal como o Fiesta, teve relevância histórica no país, preservando um forte legado na América do Sul, em especial por conta da fabricação na Argentina.
A montadora americana, que reduziu drasticamente seu portfólio brasileiro nos últimos anos, mantém apenas picapes e SUVs em sua gama regional, concentrando esforços no segmento de utilitários.
Produção
Paralelamente, a marca anunciou recentemente nos EUA uma revolução em seu sistema produtivo com o Ford Universal EV Production System, que substitui a linha de montagem linear tradicional por três ramificações simultâneas. O sistema promete 40% menos estações de trabalho e 15% de redução no tempo de produção.
Se bem-sucedida, a tecnologia pode ser implementada em outras fábricas da Ford ao redor do mundo – incluindo Romênia, Espanha e Alemanha -, potencialmente reduzindo custos de produção e, consequentemente, preços finais dos veículos.
Ford Focus Active
Desafio chinês
A estratégia europeia da Ford também responde à crescente pressão dos fabricantes chineses, que chegam ao Velho Continente com modelos competitivos e preços agressivos.
A montadora aposta na herança histórica e qualidades distintivas da marca – como a dinâmica de condução envolvente – para manter a competitividade.
O objetivo é ambicioso: recuperar participação de mercado na Europa, onde a Ford detém atualmente cerca de 4%, bem distante dos 12% dos anos 1990, quando dominava com Escort, Fiesta e Mondeo. Uma meta realista seria alcançar os 6,7% da Renault, segundo analistas do setor.
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