Imposto Seletivo “tira o sono” do setor automotivo a 15 meses da implementação
Anfavea alerta para incerteza sobre carga tributária que pode encarecer veículos e contradizer política industrial do governo
César Tizo - setembro 18, 2025
O Imposto Seletivo, previsto para entrar em vigor em janeiro de 2027 como parte da Reforma Tributária, tornou-se a principal fonte de preocupação do setor automotivo brasileiro. A declaração foi feita por Igor Calvet, presidente da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), durante o painel de encerramento do ABX25, evento promovido pela Automotive Business no São Paulo Expo.
“Se algo tem tirado nosso sono é esse tributo, previsto no âmbito da Reforma Tributária a partir de janeiro de 2027. Estamos a menos de um ano e meio do início da vigência das novas regras e ainda não temos ideia da carga tributária que incidirá sobre os nossos produtos“, afirmou Calvet.
A posição da Anfavea foi endossada pelos demais participantes do painel, todos CEOs de grandes empresas do setor: Rafael Chang, da Toyota América Latina, Ciro Possobon, da Volkswagen Brasil, Mauro Correia, da HPE, Martin Galdeano, da Ford América do Sul, e Diego Fernandes, COO da GWM Brasil.
Risco de aumento da carga tributária
O dirigente alertou que, ao final do processo regulatório, o setor pode enfrentar um aumento na carga de impostos sobre automóveis, resultado que contraria a proposta original do governo. “Ao fim, podemos ter aumento de carga de impostos para os automóveis, o que não era a proposta original do governo“, destacou Calvet.
O Imposto Seletivo deverá incidir de forma complementar a outros tributos sobre automóveis de todos os tipos de motorização. Segundo a Anfavea, essa tributação adicional tem potencial para afastar compradores de modelos novos, prolongando o uso de veículos com maior tempo de rodagem, menos seguros e mais poluentes.
A entidade considera que essa dinâmica vai na contramão da atual política industrial do governo federal, o programa Mover, que incentiva investimentos em produtos cada vez mais limpos e com itens de segurança de última geração.
Calvet também cobrou celeridade nas regulamentações do Mover. “Temos uma grande lista de normas a serem publicadas. O Mover ainda não é o grande marco, porque ainda não foram concluídas todas as regulamentações“, disse. “Previsibilidade era e segue sendo a palavra-chave.“
Investimentos mantidos apesar das incertezas
Apesar do cenário adverso, nenhuma empresa sinalizou revisão dos investimentos programados, que somam R$ 190 bilhões entre fabricantes e fornecedores. O presidente da Anfavea destacou a resiliência do setor e os resultados positivos recentes.
“Nosso setor é resiliente. Batemos em agosto o recorde de emplacamentos de novas tecnologias, 11% do mercado interno, sendo que um quarto desse montante já é composto por veículos fabricados no Brasil“, finalizou Calvet.
Os dados mostram que, mesmo diante das incertezas tributárias, o setor mantém sua trajetória de crescimento e inovação tecnológica, com participação crescente de veículos eletrificados e híbridos produzidos nacionalmente.
A indefinição sobre o Imposto Seletivo representa um desafio adicional para um setor que busca equilibrar competitividade, sustentabilidade e adequação às novas demandas de mobilidade, em um momento crucial de transição energética da indústria automotiva global.
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