Buffett encerra aposta histórica na BYD após ganho de 3.890%
Saída da Berkshire Hathaway marca fim de um ciclo de 17 anos; executivos da BYD tratam movimento como “normal”
César Tizo - setembro 23, 2025
A Berkshire Hathaway, empresa do aclamado Warren Buffett, encerrou sua participação na BYD, maior fabricante de veículos eletrificados do mundo, após 17 anos de investimento. O movimento foi concluído no fim de março deste ano e simboliza o fim de uma das apostas mais bem-sucedidas do megainvestidor no setor automotivo.
Em 2008, a Berkshire adquiriu 225 milhões de ações da BYD a 8 dólares de Hong Kong cada, um investimento de US$ 230 milhões à época. A recomendação partiu de Charlie Munger, braço direito de Buffett, que na época enxergava o CEO Wang Chuanfu como um “milagreiro”. A aposta se provou certeira: no período, as ações da empresa valorizaram 3.890%, multiplicando em dezenas de vezes o aporte inicial.
Buffett começou a reduzir gradualmente sua posição em 2022, quando a participação da Berkshire caiu de 20,04% para 19,92%. Desde então, as vendas de ações foram constantes, até que, em 2024, a fatia caiu para menos de 5%, deixando de ser reportada oficialmente. Agora, a saída foi concluída.
Warren Buffett: megainvestidor apostou na BYD em 2008
Reação da BYD
O gerente-geral da marca, Li Yunfei, classificou a decisão como parte natural do mercado. “Investimento em ações é comprar e vender, isso é normal. Agradecemos a Buffett e Munger pelo reconhecimento e apoio nos últimos 17 anos”, declarou.
Crescimento perde ritmo
A saída da Berkshire acontece em meio a uma fase de maior pressão para a BYD. Depois de anos de crescimento acelerado, a empresa viu suas vendas globais desacelerarem. Em julho de 2025, a marca entregou 341.030 veículos, apenas 0,1% a mais que no mesmo mês do ano anterior. Em agosto, foram 371.501 unidades, um avanço de apenas 0,2%.
Esse é o menor ritmo de crescimento desde janeiro de 2021, quando o China EV Datatracker passou a monitorar as vendas da marca. Em paralelo, o mercado chinês de veículos eletrificados como um todo segue em alta: em julho, as vendas de BEVs (elétricos) e PHEVs (híbridos plug-in) cresceram 12,4% e, em agosto, 7,2%.
Ajuste de metas
A desaceleração obrigou a BYD a rever internamente sua projeção de vendas para 2025. A meta inicial de 5,5 milhões de unidades foi reduzida para 4,6 milhões. Entre janeiro e agosto deste ano, a marca comercializou 2,83 milhões de carros de passeio, segundo dados do China EV Datatracker.
Para enfrentar a concorrência crescente, a empresa lançou ou reposicionou três submarcas no último ano (Denza, Fang Cheng Bao e Yangwang) buscando consolidar presença em faixas premium do mercado.
Um marco no setor automotivo
A saída de Buffett não muda os fundamentos da BYD, que segue como líder global em eletrificação e protagonista no atual processo de transição energética da indústria automotiva, mas simboliza o fim de uma era: o investimento iniciado por Munger e Buffett em 2008 ajudou a dar legitimidade à marca chinesa no cenário internacional e se tornou um dos maiores acertos da história recente da Berkshire.
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