Jaguar Land Rover está sem produzir desde agosto após ciberataque; prejuízo chega a R$ 72 milhões por dia
Montadora britânica não produz carros desde 31 de agosto e perde até US$ 13,6 milhões por dia; pequenos fornecedores podem falir
César Tizo - setembro 25, 2025
A Jaguar Land Rover (JLR) vive uma das crises mais severas de sua história recente. A fabricante britânica não produz um único veículo desde 31 de agosto, quando um ciberataque perpetrado por um grupo de hackers adolescentes paralisou completamente suas operações. A montadora confirmou que a suspensão da produção foi estendida até pelo menos 1º de outubro, mas fontes não identificadas sugerem que a crise pode se arrastar até novembro.
Em comunicado emitido nesta quinta-feira (25), a empresa informa que já efetuou um “reinício controlado e gradual” das operações, acrescentando que “algumas partes do parque digital já estão em funcionamento. O trabalho fundamental do nosso programa de recuperação está em andamento“.
O impacto do ataque é devastador para uma das maiores montadoras do Reino Unido. Normalmente, mais de 1.000 veículos saem das linhas de produção da JLR diariamente, mas as fábricas de Solihull, Halewood e Wolverhampton permanecem em silêncio há quase um mês. A empresa, que produziu 300.000 veículos em 2024, enfrenta prejuízos estimados entre US$ 6,8 milhões a US$ 13,6 milhões por dia, cerca de R$ 36 milhões a R$ 72 milhões.
A crise expõe a vulnerabilidade da indústria automotiva moderna aos ataques cibernéticos. O setor, cada vez mais dependente de sistemas digitais integrados, enfrenta riscos crescentes de sabotagem virtual que podem paralisar operações inteiras. O caso da JLR ilustra como um único ataque pode comprometer não apenas uma empresa, mas toda uma cadeia produtiva.
Cadeia de fornecimento em colapso
O prolongamento da paralisação está gerando um efeito dominó preocupante na cadeia de suprimentos. Pequenos e médios fornecedores, que dependem dos contratos com a JLR, começam a enfrentar dificuldades financeiras graves. Alguns já admitem não ter recursos para suportar uma parada prolongada.
“Já estamos vendo empregadores tendo discussões sobre possíveis demissões“, alertou Jason Richards, dirigente sindical local. “As pessoas têm que pagar aluguel, têm que pagar hipotecas e se não estão recebendo salário, o que devem fazer? Precisamos de uma cadeia de suprimentos para a Jaguar Land Rover“, completou.
O ex-presidente da Aston Martin, Andy Palmer, foi ainda mais direto ao sugerir que alguns fornecedores podem falir se a situação não for resolvida rapidamente. A preocupação é que, quando a produção for retomada, parte da rede de fornecedores pode não estar mais disponível, criando novos gargalos.
Fábrica da JLR em Solihull
Operações manuais e incerteza
A situação é tão crítica que as concessionárias da marca foram forçadas a voltar ao papel para completar registros de veículos, abandonando os sistemas digitais comprometidos. A JLR reconheceu em comunicado que este é “um momento difícil para todos conectados com a empresa” e agradeceu “o apoio e paciência contínuos” de clientes, fornecedores e funcionários.
A empresa afirmou que estendeu a pausa na produção “para dar clareza para a próxima semana enquanto construímos a linha do tempo para o reinício gradual de nossas operações“. No entanto, a montadora tem sido reservada sobre detalhes do ataque e do cronograma real de recuperação.
Outros casos
O ataque à JLR não é um caso isolado. A indústria automotiva tem sido alvo frequente de ciberataques nos últimos anos, com hackers explorando a crescente conectividade dos veículos e a digitalização dos processos produtivos. Montadoras como Honda, Toyota e Renault já enfrentaram incidentes similares, embora poucos tenham resultado em paralisações tão extensas.
A dependência de sistemas digitais integrados, que permite maior eficiência e personalização na produção, também cria vulnerabilidades que grupos criminosos exploram. O caso da JLR serve como alerta para toda a indústria sobre a necessidade de investir em cibersegurança robusta.
A Jaguar Land Rover, que é administrada pelo grupo indiano Tata Motors desde 2008, agora corre contra o tempo para restaurar suas operações antes que o dano se torne irreversível para sua rede de fornecedores e sua posição no mercado global de veículos premium.
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