Nova gasolina com mais etanol prejudica carros que não são flex?
Estudo com 16 veículos e 13 motos com E30 apresenta conclusões sobre impactos na dirigibilidade e desempenho
César Tizo - outubro 2, 2025
Vi recentemente a dúvida respondida sobre qual é a melhor opção entre o Tiggo 7 Pro Max Drive e a versão Hybrid. Mas ainda fiquei com uma questão: como a gasolina no Brasil tem bastante etanol misturado, isso não seria um ponto negativo para um carro que funciona apenas a gasolina? – pergunta enviada por Kevin
Kevin, obrigado por enviar sua pergunta e participar do Guru dos Carros!
A sua preocupação é bastante comum, principalmente porque a gasolina vendida no Brasil já vem misturada a uma proporção significativa de etanol. Hoje, a chamada gasolina C contém 30% de etanol anidro, medida que passou a valer neste semestre.
A dúvida que você levantou é se essa característica não prejudicaria carros monocombustível projetados para rodar somente a gasolina, por exemplo, como é o caso do Tiggo 7 Pro Max Drive, que conta com motor 1.6 turbo com injeção direta.
O que diz a ciência?
Um estudo coordenado pelo Ministério de Minas e Energia e efetuado pelo Instituto Mauá de Tecnologia avaliou o comportamento de 16 veículos leves e 13 motocicletas com gasolina contendo de 27% a 32% de etanol (E27 a E32). Foram analisados aspectos como partida a frio, aceleração, retomadas, consumo e emissões.
O resultado foi bastante consistente:
Veículos modernos não apresentaram diferenças relevantes de desempenho ou consumo quando abastecidos com gasolina E27 ou E30/E32;
Emissões permaneceram estáveis, sem impactos negativos perceptíveis;
As pequenas variações encontradas ocorreram em veículos antigos, com tecnologia defasada, e não foram atribuídas ao combustível em si;
No caso das motocicletas carburadas, houve mais dificuldade de partida a frio, mas o efeito não foi significativo em modelos modernos com injeção eletrônica.
Ou seja: para carros atuais — especialmente com motores de injeção direta, turbocompressores e até sistemas híbridos — a mistura maior de etanol não representa risco. Pelo contrário, ela contribui para reduzir emissões de carbono e pode até melhorar a octanagem do combustível, beneficiando a eficiência.
Na prática, portanto, o tipo do combustível no Brasil não é um problema para veículos que operam apenas a gasolina, desde que sejam automóveis desenvolvidos para padrões recentes de emissões e tecnologia.
O cuidado maior segue sendo abastecer empostos de confiança, para evitar adulterações, que sim são nocivas ao motor.
Em resumo, a presença de uma concentração maior de etanol anidro na gasolina brasileira não deve ser vista como um ponto negativo no caso de veículos monocombustível em comparação aos carros flex. O impacto real, como mostrou o estudo, é mínimo e já considerado pelas montadoras no processo de homologação para o nosso mercado.
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