Citroën Basalt é reprovado em testes de segurança do Latin NCAP
SUV nacional da Stellantis teve estrutura considerada instável e falhou em proteção lateral; Hyundai Tucson também foi avaliado
César Tizo - outubro 14, 2025
O Citroën Basalt, produzido em Porto Real (RJ), obteve nota zero na mais recente rodada de testes de segurança do Latin NCAP, o Programa de Avaliação de Veículos Novos para a América Latina e o Caribe. O resultado negativo expõe novamente as deficiências da Stellantis em oferecer níveis de proteção equivalentes aos praticados em outros mercados.
O Basalt, que sai de fábrica com quatro airbags e controle eletrônico de estabilidade (ESC), apresentou estrutura instável no impacto frontal e proteção insuficiente para adultos e crianças. O modelo somou apenas 39,37% em ocupante adulto e 58,35% em ocupante infantil, com destaque negativo para a ausência de airbags laterais de cortina e sistemas avançados de assistência à condução (ADAS), nem mesmo como opcionais.
Durante os testes, o SUV mostroureforço estrutural assimétrico — presente apenas do lado do motorista — e falha no funcionamento do pretensor do cinto de segurança do passageiro dianteiro, o que comprometeu a proteção do peito. A avaliação lateral também apontou deficiências graves: o modelo não foi testado em impacto de poste por não oferecer proteção adequada para a cabeça dos ocupantes.
A entidade destacou ainda que o Basalt não dispõe de interruptor para desativar o airbag do passageiro e conta apenas com alerta de cinto de segurança para o motorista, sem atender aos requisitos mínimos do protocolo vigente desde 2020.
Hyundai Tucson
O contraste mais evidente veio com o Hyundai Tucson, também avaliado nesta que é a sexta rodada de testes do Latin NCAP em 2025. O SUV médio conquistou cinco estrelas — as primeiras da marca no Latin NCAP.
O SUV, produzido na Coreia e na República Tcheca, passou de zero para cinco estrelas em três anos ao incorporar seis airbags de série, ESC e tecnologias ADAS amplamente disponíveis, como frenagem autônoma de emergência (AEB) e detecção de ponto cego (BSD). A nova geração do Tucson está cotada para o mercado brasileiro, porém ainda sem uma definição oficial por parte da Hyundai.
Conclusões
Segundo Alejandro Furas, secretário-geral do Latin NCAP, “o resultado do Citroën Basalt evidencia que a Stellantis não prioriza a segurança de seus clientes na América Latina”.
Já Stephan Brodziak, presidente do conselho da entidade, afirmou que o contraste entre Hyundai e Stellantis “reflete duas visões corporativas opostas”: enquanto a primeira elevou seus padrões de segurança globalmente, a segunda mantém “padrões muito abaixo dos oferecidos na Europa ou na Índia”.
O Citroën Basalt brasileiro, portanto, reforça uma tendência preocupante para a Stellantis: até o momento, nenhum dos dez modelos avaliados desde 2020 pela empresa sob os protocolos atuais do Latin NCAP superou duas estrelas.
Resposta
Procurada pelo Guru dos Carros, a Stellantis emitiu o seguinte posicionamento, que reproduzimos na íntegra:
“A Stellantis reforça seu compromisso com a Segurança Veicular e que todos os modelos comercializados atendem as regulamentações nacionais e internacionais vigentes nos países da América Latina e Europa. Todos os veículos Stellantis comercializados na América do Sul passam por rigorosos protocolos de avaliação realizados no Safety Center, localizado em Betim/MG, o mais moderno centro de testes de colisão do hemisfério sul, que garantem as certificações legais e técnicas necessárias para todos os projetos desenvolvidos pelas marcas da companhia.
Vale ressaltar que a segurança de um veículo é um conjunto concebido desde o início do seu desenvolvimento e vai muito além da oferta individual de itens de segurança ativa e passiva. Além disso, a variante da plataforma CMP permite que toda a gama Citroën tenha uma carroceria com ampla proteção ao habitáculo.
Dos requisitos exigidos pela regulamentação brasileira e também pelas regulamentações globais, para citar os mais relevantes, o Citroën Basalt conta com estrutura robusta, carroceria com aço de alta e ultra resistência, arquitetura com máxima proteção contra choques, testes de colisão aptos e segurança passiva sólida. Informamos, ainda, que a empresa não financia nem patrocina as avaliações realizadas pela entidade.”