Uber endurece regras para Comfort e Black a partir de 2026 e causa insatisfação entre motoristas
Plataforma vai restringir modelos, exigir notas mais altas e limitar a idade dos veículos nas categorias premium; condutores temem prejuízos
César Tizo - outubro 15, 2025
A partir de 2026, motoristas de aplicativo em todo o Brasil enfrentarão critérios mais rígidos para atuar nas categorias Comfort e Black da Uber, voltadas a corridas de maior valor. As novas exigências incluem restrições quanto ao ano e modelo dos veículos, padrões mínimos de avaliação e número de viagens realizadas, gerando insatisfação entre condutores que já investiram em carros para essas categorias premium.
Segundo a Uber, as mudanças foram definidas com base em pesquisas com usuários e análises do mercado automotivo, visando atender às preferências dos passageiros por conforto, aparência e confiabilidade. No Uber Black, os veículos precisarão cumprir critérios específicos de fabricação e cor, enquanto a nota mínima dos motoristas será de 4,85 estrelas, com exigência de pelo menos 100 corridas realizadas. Modelos como Renault Kardian, Citroën Basalt, CAOA Chery Tiggo 3x e Hyundai Kona Hybrid deixarão de ser aceitos na categoria.
Já no Uber Comfort, o ano mínimo de fabricação varia conforme o modelo. Alguns veículos, como o Renault Logan, serão completamente removidos da categoria em meados de 2026. As alterações têm provocado descontentamento entre motoristas, que questionam a comunicação da empresa e o impacto financeiro das mudanças — especialmente entre aqueles que investiram recentemente em veículos para atuar nos serviços premium.
Mudanças comuns, mas transparência é essencial
Especialistas em mobilidade urbana afirmam que ajustes periódicos nas categorias superiores são comuns no setor, mas ressaltam que transparência e tempo de adaptação são fundamentais para evitar prejuízos e preservar a confiança dos motoristas na plataforma.
A evolução do mercado de transporte por aplicativo e a exigência por veículos mais novos refletem a busca por maior segurança e qualidade na experiência dos passageiros, mas também demandam equilíbrio para não prejudicar os profissionais que dependem desses serviços como principal fonte de renda.
Rentabilidade limitada preocupa profissionais
O modelo de categorias premium tende a ser mais vantajoso para motoristas que atuam de forma intensiva. De acordo com levantamento do GigU, a receita desses profissionais varia conforme a cidade e a carga horária.
Em média, um motorista fatura entre R$ 77 mil e R$ 103 mil por ano, trabalhando de 50 a 60 horas semanais. No entanto, os custos operacionais — como combustível, manutenção, seguro e impostos — reduzem consideravelmente esse valor. O lucro líquido anual estimado varia de R$ 28 mil a R$ 51 mil, dependendo da localidade, mostrando que, mesmo com ganhos elevados, a margem real ainda é limitada.
“A flexibilidade, embora atraente, muitas vezes vem acompanhada da ausência de benefícios formais, estabilidade e proteção previdenciária. Por isso, a expansão das plataformas digitais precisa ser acompanhada de políticas públicas e regulamentações que garantam equilíbrio entre inovação, geração de renda e proteção ao trabalhador“, afirma Luiz Gustavo Neves, cofundador e CEO da fintech GigU.
O desafio, portanto, é equilibrar a experiência premium para os passageiros e a sustentabilidade financeira para os motoristas — garantindo que a profissionalização do serviço não se transforme em um fardo econômico para quem sustenta o modelo.
We use cookies to ensure that we give you the best experience on our website. If you continue to use this site we will assume that you are happy with it.Ok