Vice-presidente Geraldo Alckmin anuncia abertura de diálogo com governo chinês após alerta de indústria sobre risco de paralisações
César Tizo - novembro 1, 2025
O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Geraldo Alckmin, informou neste sábado (1º) que o governo da China vai abrir canais de diálogo com o setor automotivo brasileiro para evitar o desabastecimento de semicondutores — insumo crítico para a produção de veículos no país. A sinalização foi feita pelo embaixador chinês no Brasil, Zhu Qingqiao, segundo publicação de Alckmin em rede social.
A iniciativa surge no momento em que a indústria nacional enfrenta nova ameaça de paralisação por falta de chips, desta vez causada por tensões geopolíticas entre Estados Unidos, China e Holanda envolvendo a empresa Nexperia, responsável por cerca de 60% dos semicondutores usados pela indústria automotiva ao redor do mundo.
Entidades do setor — como Sindipeças-Abipeças e Anfavea — já haviam alertado o governo federal de que os estoques atuais podem se esgotar em poucas semanas, impactando diretamente montadoras como Volkswagen, Stellantis, GM, Toyota, Hyundai e BYD. Um veículo moderno utiliza entre 1 mil e 3 mil chips, indispensáveis para sistemas eletrônicos, de segurança e de controle do motor.
Alckmin destacou que a cadeia automotiva emprega 1,3 milhão de pessoas no Brasil e tem efeito multiplicador em setores como siderurgia, químico, plástico e borracha. A falta de componentes ameaça não apenas a produção interna, mas contratos de exportação e novos investimentos ligados à reindustrialização verde e ao programa Mover.
A ofensiva diplomática brasileira ocorre paralelamente a negociações em curso entre China e Holanda para suspender restrições impostas às exports de componentes eletrônicos. Nos Estados Unidos e Europa, associações de montadoras também pressionam por uma solução urgente, temendo repetição da crise vivida durante a pandemia — que paralisou fábricas em todo o mundo.
Para além da retomada imediata do fornecimento, especialistas apontam que o episódio reforça a necessidade de maior autonomia da indústria brasileira em tecnologias estratégicas, especialmente em um cenário global cada vez mais marcado por disputas comerciais e rupturas na cadeia de suprimentos.
