Renault vende 26,4% da operação no Brasil à Geely e reforça aposta em eletrificados
Montadora chinesa passa a ser acionista minoritária da Renault do Brasil, com 26,4%, e terá produção local em São José dos Pinhais
César Tizo - novembro 3, 2025
A Renault e a Geely oficializaram nesta semana os acordos definitivos para ampliar a cooperação estratégica entre as duas empresas no Brasil — parceria que havia sido anunciada em fevereiro deste ano. O entendimento prevê a produção conjunta de veículos de zero e baixas emissões no país, além da distribuição nacional de modelos da Geely Auto pela rede Renault.
Como parte do acordo, a Geely passa a deter 26,4% da Renault do Brasil, tornando-se acionista minoritária, mas com acesso total à infraestrutura industrial e comercial da marca francesa no país. Já a Renault mantém o controle acionário da operação.
O movimento reforça a presença das duas marcas no maior mercado automotivo da América Latina, responsável por mais de 40% dos emplacamentos da região no primeiro semestre de 2025. Atualmente, o SUV elétrico Geely EX5 já é oferecido ao consumidor brasileiro por meio de concessionárias dedicadas operadas pela rede Renault — e será um dos pilares dessa nova fase.
Produção conjunta e ganho de escala
A fábrica Ayrton Senna, em São José dos Pinhais (PR), será o centro da cooperação industrial. O acordo permitirá à Geely acelerar sua expansão com veículos de marca própria produzidos localmente, enquanto a Renault vai utilizar a arquitetura GEA — plataforma global de novas energias da Geely — para ampliar seu portfólio de modelos eletrificados no país.
O aumento de competitividade e o melhor aproveitamento da capacidade produtiva são pontos centrais da aliança. Hoje, o complexo paranaense opera com cerca de 50% de sua capacidade anual instalada de 400 mil unidades, segundo declarações recentes da Renault.
Além da produção, a Renault do Brasil assumirá a distribuição de todo o portfólio de zero e baixas emissões da Geely Auto, incluindo vendas, financiamento e serviços — o que poderá ampliar rapidamente o alcance comercial da marca chinesa.
“Cenário ganha-ganha”, dizem as montadoras
François Provost, CEO do Renault Group, destacou que a parceria representa uma etapa decisiva na estratégia internacional da marca, combinando “excelência industrial e liderança tecnológica” para ampliar a competitividade num mercado em rápida transformação.
Já Eric Li, presidente do Geely Holding Group, reforçou que o acordo beneficia ambas as marcas ao permitir o compartilhamento de tecnologias em escala global e acesso a novos mercados.
Novas alianças à vista
A aproximação com a Geely não deve ser a única da Renault com montadoras chinesas. Em recente coletiva, Fabrice Cambolive, chief growth officer do grupo francês, afirmou que conversas com outras empresas seguem em andamento — incluindo a Chery. Os temas em negociação passam por eventuais parcerias industriais e comerciais em mercados como Colômbia e Argentina, embora sem projetos concluídos até o momento.
O avanço de alianças desse tipo ocorre em um cenário de forte competição com fabricantes chinesas que ampliam presença global, como a BYD — que iniciou as operações de sua primeira fábrica de carros no Brasil para acelerar a oferta de elétricos e híbridos plug-in.
A Renault e a Geely já cooperam globalmente em outras frentes, como o investimento conjunto na Renault Korea e a criação da Horse Powertrain, dedicada ao desenvolvimento de motores e sistemas híbridos. No Brasil, o novo acordo consolida de vez uma estratégia que busca eficiência produtiva, ganho de escala e aceleração da transição para tecnologias mais limpas.
We use cookies to ensure that we give you the best experience on our website. If you continue to use this site we will assume that you are happy with it.Ok