Conheça a história do primeiro carro movido a etanol produzido em série no mundo e sua importância para a engenharia automotiva brasileira
César Tizo - julho 6, 2024
Em 5 de julho de 1979 estreava o primeiro carro movido a etanol produzido em série no mundo, o Fiat 147. Carinhosamente apelidado de “Cachacinha” devido ao odor característico emitido pelo escapamento, o modelo tornou-se um marco significativo na engenharia automotiva brasileira e global, promovendo o desenvolvimento de tecnologias para veículos mais eficientes e menos poluentes.
“O Fiat 147 é um ícone que marcou a vida de milhares de brasileiros. Mais do que isso, ele entrou para a história da indústria automotiva ao ser o primeiro modelo com motor a etanol no mundo produzido em série. Seu legado se estende até hoje com a tecnologia dos motores flex, que está presente na maioria da frota brasileira de veículos leves. O etanol se consolidou como protagonista no processo de descarbonização no país por ser um combustível extremamente eficiente em emissões quando considerado o ciclo de vida completo do automóvel”, pontou Alexandre Aquino, vice-presidente da Fiat para a América do Sul.
Reconhecido por seu pioneirismo, o Fiat 147 foi o primeiro modelo fabricado no Polo Automotivo de Betim (MG), em 1976. Para a época, o modelo trazia diversas inovações, como motor em posição transversal, coluna de direção retrátil, pneus radiais, para-brisa de vidro laminado e o estepe dentro do compartimento do motor, otimizando o espaço interno do veículo.
A história do Fiat 147 movido a etanol começou em 1976, quando a Fiat iniciou as pesquisas para o desenvolvimento do motor a etanol. Motivada pela primeira crise do petróleo em 1973, a busca por alternativas aos derivados do petróleo se intensificou. No Brasil, o Governo Federal instituiu em 1975 o Programa Nacional do Álcool (ProÁlcool), incentivando a produção de etanol a partir da cana-de-açúcar.
Em 1976, durante o Salão do Automóvel de São Paulo, a Fiat apresentou um protótipo do 147 movido a etanol, que já havia percorrido dezenas de milhares de quilômetros. No ano seguinte, o modelo passou por aprimoramentos técnicos e novos testes rigorosos. Em setembro de 1978, um Fiat 147 realizou um teste decisivo: uma viagem de 12 dias e 6,8 mil quilômetros pelo Brasil, enfrentando diversas condições climáticas e terrenos, demonstrando a robustez e eficiência do motor a etanol.
O lançamento do Fiat 147 não só representou um avanço tecnológico significativo, mas também pavimentou o caminho para o desenvolvimento de motores flex, que hoje dominam o mercado brasileiro de veículos leves. O etanol, um combustível renovável e de baixo impacto ambiental, se consolidou como uma alternativa viável e sustentável, contribuindo significativamente para a descarbonização da frota automotiva do país.
Com isso, o Fiat 147 permanece um ícone na história da engenharia automotiva brasileira, simbolizando inovação, sustentabilidade e o espírito pioneiro da indústria local. Seu legado continua a influenciar a busca por tecnologias mais limpas e eficientes, reafirmando a importância do etanol no cenário energético global.
