Em debate promovido pela Tencent News, professor da Universidade de Tongji afirma que startups chinesas de veículos elétricos precisarão se fundir ou cooperar para enfrentar gigantes como BYD e Tesla
César Tizo - abril 15, 2025
O futuro das principais startups chinesas de veículos elétricos pode estar por um fio. Em painel promovido pela Tencent News com o tema Auto Market Hot Topics+, o professor Zhu Xican, da Escola de Engenharia Automotiva da Universidade de Tongji, foi categórico ao afirmar que “a probabilidade de sobrevivência independente de marcas como Nio, Xpeng e Li Auto é zero”, caso nenhuma delas declare falência. Segundo ele, o caminho inevitável é a fusão, reestruturação ou cooperação.
Para Zhu, qualquer montadora de carros elétricos que venda menos de 2 milhões de unidades por ano dificilmente conseguirá sobreviver. O especialista cita os altos custos de pesquisa e desenvolvimento (P&D) como um dos principais obstáculos. “Com investimento baixo em P&D, o progresso tecnológico estagna e, com altos gastos e baixa escala de produção, a empresa acaba morrendo”, disse.
O painel também contou com a presença de Li Yanwei, membro do comitê de especialistas da Associação Chinesa de Concessionários de Automóveis, que compartilhou uma visão parecida. Segundo ele, há marcas demais no mercado de elétricos, muitas das quais “precisam desaparecer“. Para o especialista, a Li Auto desponta como a mais promissora entre as três startups, especialmente se conseguir replicar o sucesso de seus híbridos com novos modelos 100% elétricos.
Yanwei foi direto ao apontar o principal desafio das marcas menores: “Não acho que muitas empresas conseguirão sobreviver, porque, afinal de contas, o elefante na sala se chama BYD. Não acredito que as pequenas companhias tenham muito valor em continuar existindo”.
Outro participante do painel destacou que, considerando um volume de mercado futuro de cerca de 20 milhões de carros elétricos por ano na China, apenas dez fabricantes poderão sobreviver — consolidando a tese de que o setor caminha para uma forte concentração.
O sucesso estrondoso do Xiaomi SU7, apresentado recentemente em Pequim, foi citado como um exemplo de como escala, marca forte e confiança do consumidor pesam nas decisões de compra. O mesmo raciocínio se aplica à Tesla, cuja força de marca e alto valor de revenda garantem bom desempenho mesmo diante da concorrência crescente.
Com o domínio absoluto da BYD no controle de custos e a escala global da Tesla, as startups chinesas precisam rapidamente reinventar suas estratégias tecnológicas e de mercado. Caso contrário, como alertou Zhu Xican, o destino pode ser irreversível: “A probabilidade de sobrevivência independente é zero”.
