China teme colapso em seu setor automotivo com fábricas ociosas e marcas ameaçadas
Com cerca de 50 marcas de veículos no país, muitas operam no prejuízo e podem desaparecer nos próximos anos
César Tizo - agosto 6, 2025
O governo da China sinalizou que não pretende mais assistir passivamente à guerra de preços travada pelas montadoras locais no mercado de veículos elétricos. A preocupação das autoridades é que os descontos agressivos ameacem a estabilidade da economia nacional e a viabilidade da própria indústria automotiva, que já enfrenta excesso de capacidade produtiva e margens reduzidas.
Nos bastidores, segundo apuração de veículos internacionais como The Guardian e Bloomberg, empresas como BYD, Li Auto e Seres continuam operando com lucro, mas a maioria das cerca de 50 marcas chinesas de carros elétricos ainda registra prejuízo. Em abril, os descontos médios no segmento chegaram a 17%, praticamente o dobro da média de 2024.
Um dos símbolos dessa disputa por preços é o BYD Seagull, conhecido no Brasil como Dolphin Mini. Ele parte de apenas ¥55.800 (cerca de US$ 7.800) na China — valor muito inferior aos US$ 26 mil cobrados pelo mesmo modelo, sob o nome Dolphin Surf, na Europa. Por aqui, o modelo é tabelado em R$ 119.990. Apesar das tarifas de importação aplicadas por mercados estrangeiros, a diferença de preço chama a atenção até do alto escalão do governo chinês.
O presidente Xi Jinping manifestou publicamente preocupação com o fenômeno conhecido como “involução”, em que empresas investem grandes somas em busca de crescimento, mas obtêm retornos cada vez menores. Embora o discurso também tenha citado setores como inteligência artificial, o mercado automotivo foi um dos principais alvos das críticas.
O excesso de produção é outro ponto sensível: algumas fábricas operam com menos de 2% de sua capacidade, e o governo já convocou executivos de grandes montadoras para alertá-los sobre os riscos da superoferta.
Como solução parcial, cresce a aposta na exportação — atualmente, veículos chineses já respondem por 5,1% das vendas de carros novos na Europa. No Brasil, a participação das marcas chinesas beirou 9% do mercado em julho.
Além da pressão verbal, Pequim estuda uma revisão na legislação de preços, que pode restringir práticas consideradas artificiais ou predatórias. Caso as montadoras não se autorregulem, o governo já indicou que poderá intervir diretamente para reordenar o setor.
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