Modelo pioneiro baseado em célula de combustível inicia testes em SP e marca avanço da mobilidade pesada zero emissões
César Tizo - agosto 12, 2025
O Brasil começa a trilhar um novo caminho na descarbonização do transporte pesado com os testes iniciais do primeiro caminhão movido a hidrogênio da GWM Hydrogen powered by FTXT. O veículo desembarcou recentemente no Porto de Santos (SP) e foi levado para a fábrica da GWM em Iracemápolis (SP), onde passará por inspeções e testes antes de iniciar sua operação experimental.
Desenvolvido pela FTXT — subsidiária chinesa da GWM especializada em tecnologias de célula de combustível —, o caminhão representa um marco tecnológico e o início da construção de um ecossistema de hidrogênio no país, conforme destaca Davi Lopes, Head da GWM Hydrogen-FTXT Brasil. “Estamos falando de uma tecnologia que une a robustez de um caminhão elétrico com a autonomia proporcionada pelo hidrogênio verde, com abastecimento rápido e emissão zero do tanque à roda”, explica Lopes.
O conjunto motriz é composto por uma bateria de 105 kWh e cilindros que armazenam 40 kg de hidrogênio para alimentar as células de combustível, que geram eletricidade a partir da reação química entre hidrogênio e oxigênio, liberando apenas água como subproduto.
A bateria principal do sistema alimenta o propulsor elétrico responsável por tracionar o caminhão, que conta ainda com regeneração de energia nas frenagens, otimizando sua autonomia.
Os primeiros testes começam em setembro, em colaboração com universidades brasileiras como a USP, que dispõe de infraestrutura para produzir hidrogênio de baixo carbono a partir do etanol. Nesta fase inicial, os testes terão caráter de pesquisa e desenvolvimento, com foco na adaptação da tecnologia ao clima, relevo e condições das estradas brasileiras.
Com mais de 30 mil unidades similares já em circulação na China, o caminhão permitirá avaliar sua eficiência em solo nacional e identificar oportunidades para aprimoramentos técnicos. Após a fase de testes, serão avaliadas diferentes fontes de hidrogênio — incluindo o hidrogênio verde eletrolítico e o produzido pela reforma do etanol — além de análise econômico-financeira para viabilizar a tecnologia comercialmente no país.
Esse projeto integra o Programa MOVER do Governo Federal e está alinhado à meta global da GWM de neutralizar suas emissões de carbono até 2045. O caminhão será oficialmente apresentado em 15 de agosto, durante a inauguração da fábrica de Iracemápolis, marco que consolida os investimentos da empresa em soluções limpas e inovadoras para o Brasil.
O avanço também é resultado de parcerias estratégicas firmadas com governos estaduais e universidades. Em 2023, a GWM assinou memorando com o Governo de São Paulo para estudar a viabilidade do hidrogênio no país, e em 2024 ampliou projetos para infraestrutura de abastecimento. A parceria com Minas Gerais e a Unifei inclui fornecimento de hidrogênio verde, intercâmbio de conhecimento e desenvolvimento de infraestrutura local.
“Este projeto prova que a transição energética no transporte pesado é possível com a cooperação entre indústria, academia e governo”, conclui Lopes, reforçando o papel pioneiro da GWM na revolução dos veículos pesados movidos a hidrogênio no Brasil.
