Motorista de app: quanto realmente se ganha e se gasta em São Paulo
Levantamento da Gigu aponta que, apesar do maior faturamento entre as capitais, categoria enfrenta custos altos e falta de garantias
César Tizo - agosto 13, 2025
Quanto de fato ganha — e quanto gasta — um motorista de aplicativo nas grandes cidades brasileiras? Um levantamento exclusivo da Gigu, maior base de dados sobre trabalhadores de app no país, revela um panorama detalhado sobre a renda e os custos da atividade no primeiro semestre de 2025, evidenciando os desafios de manter a operação financeiramente sustentável.
Em São Paulo, os motoristas faturaram em média R$ 8.666,67 por mês, o que representa R$ 104 mil ao ano. No entanto, os custos médios de operação — que incluem combustível, manutenção e aluguel de veículos — chegaram a R$ 4.480,15 mensais, resultando em um lucro líquido de R$ 4.186,52 por mês. Considerando a jornada média de 60 horas semanais, o rendimento líquido equivale a R$ 16,11 por hora trabalhada.
O gasto com combustível continua sendo o principal peso no orçamento, com média de R$ 2.114,67 mensais. Na capital paulista, 68,06% dos motoristas utilizam carro próprio, enquanto 31,94% trabalham com veículos alugados.
Em pesquisa nacional realizada em maio, a Gigu também traçou o perfil da categoria: 70% dependem exclusivamente das plataformas como fonte de renda; metade atua por mais de nove horas diárias; e mais de 80% não têm proteção previdenciária. Além disso, 38% não possuem plano de saúde e 67% estão endividados — indicadores que reforçam a vulnerabilidade estrutural de um serviço essencial à mobilidade urbana, mas desprovido de garantias mínimas.
Para Luiz Gustavo Neves, cofundador e CEO da Gigu, a falta de dados transparentes por parte das plataformas agrava o cenário:
“Esses dados são preciosos porque ajudam a entender o que acontece por trás do volante. A Uber e outras plataformas não divulgam esses números, o que deixa motoristas no escuro. A Gigu se propõe a mudar isso — oferecendo ferramentas que ajudam esses profissionais a tomar decisões com mais autonomia, inclusive sobre como e quanto vale a pena trabalhar.”
A empresa também lançou recentemente o jogo gratuito “Vida de Motorista”, que simula o cotidiano de Carlinhos, um motorista de app de 25 anos em São Paulo. O jogador precisa decidir, em segundos, se aceita ou recusa corridas, avaliando distância, valor e destino, com o objetivo de fechar o dia no azul — uma forma lúdica de expor as pressões e dilemas que fazem parte da rotina de milhões de trabalhadores.
Segundo Pedro Inada, co-CEO da Gigu, o objetivo é ampliar o debate sobre a realidade da profissão:
“Os dados mostram que ser motorista de app é lidar com pressão e incerteza o tempo todo. Com o jogo, a gente quer abrir essa conversa — e mostrar que o que parece simples, na prática, é um desafio que nem todos conseguem superar.”
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