Leitor pede análise sobre qual é a melhor opção considerando a desvalorização e facilidade de revenda no futuro
César Tizo - agosto 20, 2025
Mais uma vez recorro a você. A dúvida é a seguinte: Jeep Commander 26 a diesel ou Blackhawk 26? Qual deles é mais fácil de revender? Obrigado – pergunta enviada por Sérgio
Sérgio, obrigado por enviar sua pergunta e participar do Guru dos Carros!
A análise solicitada por você é muito interessante, pois nos leva a considerar não apenas as diferenças entre motores a diesel e a gasolina, mas também como esses fatores influenciam o custo de propriedade e a liquidez na revenda, especialmente no cenário atual do mercado automotivo.
Focando na gama Jeep Commander 2026, encontramos uma particularidade interessante quando analisamos a lista de preços. Em geral, versões a diesel costumam ser mais caras que as equivalentes a gasolina ou flex, mas isso não acontece aqui. A configuração Overland 2.2 turbodiesel estreou por R$ 308.490, enquanto a versão Blackhawk 2026, equipada com motor 2.0 turbo a gasolina, chega por R$ 324.990, uma significativa redução de R$ 16 mil em relação ao valor que a Jeep praticava até a linha 2025 para o Commander topo de gama.
Essa estratégia da marca se explica pelo posicionamento do catálogo Blackhawk, voltado à alta performance, com 272 cv e 40,8 kgfm de torque, além do pacote de equipamentos mais completo do modelo. Já o Commander Overland, com 200 cv e 45,9 kgfm, entrega o principal atrativo do propulsor a diesel: força extra para quem precisa trafegar por terrenos difíceis ou rebocar implementos de grande porte. Em ambas as versões, o Commander oferece tração integral e câmbio automático de 9 marchas.
Indo além do desempenho, é fundamental considerar o seu perfil de uso. Para quem percorre longas distâncias, a autonomia superior do diesel ainda é um ponto a favor. Pelos dados do Inmetro, o Overland 2.2 turbodiesel percorre 10,3 km/l na cidade e 13,4 km/l na estrada, contra 8 km/l e 10,3 km/l da versão Blackhawk. Com base nos preços médios mais recentes da ANP, com a gasolina comum sendo vendida a R$ 6,20/l e o diesel S10 gravitando em R$ 6,06/l no território nacional, abastecer o Commander Overland vai pesar menos no bolso.
Por outro lado, há um alerta importante: a crescente adição de biodiesel ao diesel vendido no Brasil — atualmente em 15%, patamar mais alto que em outros países — tem gerado relatos de aumento de consumo, perda de potência e maior frequência de manutenção, especialmente quando a mistura passa de 10%.
Empresas de transporte já reportam falhas nos sistemas de injeção e trocas mais frequentes de filtros. Também há relatos de formação de borra em veículos que permanecem longos períodos parados. Caso esses impactos se confirmem, podem reduzir a vantagem operacional do diesel a longo prazo, especialmente considerando que esses motores possuem componentes específicos que, em caso de falha, podem gerar despesas significativas, como a substituição do Filtro de Partículas Diesel (DPF), manutenção ou troca de bicos injetores, reparos na turbina, entre outros.
É necessário ainda considerar os custos de revisões. No caso do Commander 2026, as inspeções programadas até 5 anos somam R$ 5.953 para o Blackhawk contra R$ 8.854 para o Overland diesel. Vale destacar que as visitas às concessionárias devem ocorrer a cada 10.000 km (gasolina) ou 20.000 km (diesel), sempre respeitando o intervalo anual.
Já em relação ao seguro, veículos a diesel, especialmente SUVs e picapes, frequentemente apresentam prêmios mais altos, portanto é recomendável verificar esse custo com seu corretor de confiança.
Jeep Commander Overland 2.2 diesel 2026
Desvalorização e revenda
O comportamento de SUVs a diesel e a gasolina tem mostrado tendências distintas. Dados recentes indicam que as opções a diesel têm apresentado uma desvalorização mais acentuada em comparação com seus equivalentes flex ou a gasolina. Um levantamento da Mobiauto, por exemplo, revelou que, no período de um ano (entre o primeiro trimestre de 2023 e o mesmo período de 2024), as versões a diesel desvalorizaram, em média, 13,63%, enquanto as versões flex perderam 6,16% do seu valor.
Uma das razões para isso é que, nos últimos anos, o preço do diesel no Brasil disparou, chegando a patamares em que, por vezes, se equipara ou até supera o da gasolina. Essa mudança na relação entre os valores elimina um dos principais atrativos do diesel: o menor custo por quilômetro, como já analisamos.
Logo, essa proximidade no preço dos combustíveis e os custos de manutenção mais elevados têm levado a um “encalhe” de muitos SUVs a diesel em concessionárias e revendas de seminovos. O mercado para veículos a diesel, embora ainda robusto, tornou-se mais concentrado em regiões rurais e agrícolas, onde a força, a robustez e a autonomia do diesel são mais valorizadas para trabalho e transporte de cargas.
Nos grandes centros urbanos, a preferência do consumidor segue por veículos flex ou a gasolina, o que impacta diretamente a liquidez dos modelos a diesel. Revender um SUV com esse tipo de motor tende a ser mais demorado, e o vendedor pode ter que aceitar um preço menor para concretizar o negócio.
Conclusão
Em resumo, Sérgio, se o seu uso do veículo envolve longas viagens, reboques frequentes ou trajetos off-road exigentes, situações onde o torque e a robustez do diesel são indispensáveis, o Commander Overland 2.2 pode ser uma escolha funcionalmente superior, apesar dos custos operacionais mais elevados e de eventuais restrições envolvendo a revenda.
Por outro lado, se o seu uso é predominantemente urbano ou em rodovias, e a prioridade é o desempenho, tecnologia e um custo de manutenção menos oneroso a longo prazo, a versão Blackhawk 2.0 turbo pode ser mais adequada. Embora seu preço inicial seja elevado, o catálogo pode apresentar a facilidade de revenda superior que você deseja, bem como desvalorização mais comedida em relação ao Commander diesel.
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