Próxima geração do SUV na Europa deverá adiantar novidades importantes para a gama Volkswagen aqui no Brasil
César Tizo - agosto 22, 2025
A Volkswagen revelou nesta semana a primeira foto oficial da segunda geração do T-Roc, que será apresentada nas próximas semanas e fará sua estreia pública no Salão de Munique, em setembro de 2025. Embora o modelo ainda apareça camuflado, imagens recentes do produto final já circulam na internet, antecipando quase todos os detalhes da novidade.
À primeira vista, essas informações poderiam parecer de pouco interesse para o mercado brasileiro, já que o T-Roc atual tem foco na Europa. No entanto, declarações do CEO da Volkswagen, Thomas Schäfer, à revista inglesa Autocar indicam que a evolução do SUV europeu pode antecipar movimentos estratégicos da marca na América do Sul.
Entre os pontos destacados por Schäfer está a confirmação de que o novo T-Roc contará com uma opção de conjunto propulsor híbrido pleno — tecnologia inédita na linha global da Volkswagen — que pode inaugurar a solução mecânica prevista para futuros modelos da marca no Brasil.
Segundo a Autocar, o sistema híbrido funcionará de maneira semelhante ao utilizado por marcas como Toyota e Honda, permitindo que o veículo opere apenas com o motor a combustão, apenas com o motor elétrico ou com a combinação de ambos, conforme a necessidade de eficiência ou desempenho.
De acordo com Schäfer, a adoção do conjunto propulsor híbrido pleno responde ao ritmo de eletrificação global mais lento do que o previsto e à demanda crescente por sistemas HEV (híbridos plenos) em mercados como América do Sul e Estados Unidos.
“Certas regiões estão migrando para os HEVs. Precisávamos desenvolver essa solução de qualquer maneira, porque a América do Sul exige um sistema híbrido pleno de propulsão. Curiosamente, os HEVs também se tornaram um grande tema nos EUA. É uma tecnologia que muitos consideravam dispensável, mas agora, com a desaceleração dos elétricos no país, o equilíbrio está se deslocando para os híbridos plenos”, declarou o CEO da Volkswagen à publicação inglesa.
Ainda na entrevista, Schäfer aparenta ter cometido um ato falho com possíveis reflexos significativos para o Brasil.
Em determinado momento, o CEO da Volkswagen afirmou ao repórter que “o T-Roc é fabricado na América do Sul para a América do Sul e também na China”. No entanto, é sabido que nenhuma planta da empresa em nossa região produz o modelo atualmente.
A declaração do executivo abre margem para algumas especulações: será que a segunda geração do T-Roc poderá ser nacionalizada para ocupar o espaço hoje destinado ao Nivus ou o projeto do novo T-Roc será a base para a evolução do crossover brasileiro?
A hipótese não parece distante, sobretudo quando comparamos as dimensões de ambos. O T-Roc mede 4,23 metros de comprimento, bem próximo aos 4,27 m do Nivus. Em largura, o SUV europeu leva vantagem com 1,81 m ante 1,75 m do modelo nacional, enquanto o entre-eixos de 2,59 m do atual T-Roc também se aproxima dos 2,56 m do crossover produzido no Brasil.
Além disso, unidades camufladas do Nivus foram flagradas recentemente em testes próximos a fábricas e instalações da Volkswagen no Brasil, sinalizando que a marca já prepara novidades para o modelo.
Caso essa mudança no portfólio da marca se concretize, com o T-Roc (ou ao menos seu projeto) substituindo o Nivus no Brasil, isso abrirá espaço para que o T-Cross, em sua próxima geração, evolua para um modelo maior e mais sofisticado. Essa movimentação tende a se repetir em outros SUVs compactos à medida que avançam para novas gerações.
Tal estratégia é observada no novo Nissan Kicks, por exemplo, e deverá ocorrer também na próxima geração do Jeep Renegade, que passará a ter um posicionamento mais distinto em relação ao Avenger, crossover que será fabricado no Brasil a partir do próximo ano.
De qualquer forma, os impactos da estreia global do novo T-Roc indicam que a Volkswagen pretende ampliar sua oferta de veículos eletrificados além do segmento 100% elétrico. Segundo apurou a Autocar, o novo sistema híbrido pleno será compartilhado futuramente com os próximos Golf e Tiguan, previstos para os próximos dois anos, consolidando uma estratégia mais flexível da marca diante da desaceleração nas vendas de elétricos puros.
