Estudo inédito mapeia frota de máquinas agrícolas no Brasil e projeta futuro da mecanização no campo
Pesquisa da [BIM]³ revela idade média elevada da frota, apetite por renovação e avanço de novas tecnologias e combustíveis
César Tizo - setembro 24, 2025
O Panorama Setorial de Máquinas Agrícolas 2025, desenvolvido pela Boschi Inteligência de Mercado [BIM]³, oferece o primeiro levantamento abrangente sobre a frota de máquinas em operação no país, consolidando informações sobre tratores, colheitadeiras e pulverizadores.
O estudo vai além da simples contagem de equipamentos, analisando hábitos de compra, ciclos de renovação, estratégias de acesso, tecnologias adotadas e perspectivas de sustentabilidade, oferecendo uma ferramenta estratégica para fabricantes, distribuidores, instituições financeiras e produtores.
Frota e idade média: um parque envelhecido
Segundo o levantamento, o Brasil possui aproximadamente 1,65 milhão de máquinas agrícolas, distribuídas em 1,35 milhão de tratores, 217 mil colheitadeiras e 82,5 mil pulverizadores. A idade média da frota é de 15 anos, sendo 18 anos nos tratores, 10 nas colheitadeiras e 8 nos pulverizadores. Mais da metade das máquinas já supera 15 anos de uso, o que evidencia a permanência de tecnologias defasadas e reforça a necessidade de renovação da frota para manter produtividade e segurança.
O acesso à tecnologia ainda é limitado: apenas 33,9% das propriedades rurais têm internet, dificultando a adoção de soluções digitais e telemetria em muitas regiões.
Perfil dos compradores e decisões de aquisição
A decisão de compra é concentrada, mas revela nuances importantes. A Geração X representa 39% das escolhas, seguida pela Geração Y (24%), Baby Boomers (12%) e Geração Z (15%), indicando a entrada de novos líderes nas tomadas de decisão. Mais de 70% das aquisições são feitas diretamente pelos proprietários ou familiares, enquanto o protagonismo feminino cresce em setores específicos, como o café, onde 18% das decisões já são lideradas por mulheres.
A lealdade às marcas permanece elevada: 71% dos que planejam comprar pretendem continuar com a mesma marca de trator. O estudo evidencia que a modernização do parque depende não só da vontade do produtor, mas da disponibilidade de crédito e facilidades de financiamento.
Modelos de acesso: locação em expansão
Com o alto custo de aquisição e manutenção, a locação surge como alternativa estratégica. Atualmente, 11% das propriedades alugam tratores, 38% colheitadeiras e 19% pulverizadores. Este movimento permite reduzir riscos e ampliar flexibilidade operacional, preparando o setor para ciclos de renovação mais dinâmicos.
Tecnologias e automação: o futuro do campo
O estudo revela que o produtor brasileiro já opera com GPS, telemetria e agricultura de precisão, mas aponta forte demanda por recursos mais avançados. Entre os desejos, destacam-se: cabines tecnológicas e confortáveis, câmbio automático, controle de compactação do solo, maior precisão por linha, sensores para ajustes em tempo real e pulverização de alta precisão com leitura a laser. A automação e soluções autônomas despontam como caminhos para aumentar produtividade e eficiência.
Combustíveis: diesel ainda domina, mas alternativas surgem
O diesel mantém liderança na matriz energética, representando 96% em tratores, 90% em pulverizadores e 86% em colheitadeiras. Contudo, a transição energética já começa: o etanol aparece como alternativa em 19% das colheitadeiras e 13% dos pulverizadores, enquanto o biometano se consolida em 9% dos tratores e pulverizadores e 11% das colheitadeiras, abrindo caminho para um campo mais sustentável.
Pós-venda e percepção de marcas
O Panorama 2025 indica que o pós-venda é estratégico para a fidelização. 64,8% da manutenção preventiva é realizada internamente, enquanto concessionárias e oficinas especializadas respondem por 28,5% e 18,2%, respectivamente. Na manutenção corretiva, 58% dos problemas são resolvidos internamente, mas concessionárias e oficinas independentes têm papel crescente (48,7% e 31%). A John Deere lidera em presença e satisfação, seguida por Jacto e Case IH, consolidando-se como referência em atendimento e confiabilidade.
Perspectivas para 2030
Com base em projeções próprias, a [BIM]³ estima que até 2030 a frota brasileira deverá chegar a 1,8 milhão de máquinas, incluindo 1,48 milhão de tratores, 231 mil colheitadeiras e 89 mil pulverizadores. O estudo mostra que a modernização da frota, combinada com novos modelos de acesso e maior digitalização, será essencial para aumentar produtividade e competitividade, ao mesmo tempo em que a sustentabilidade ganha espaço no setor.
Luis Vinha, sócio-diretor da [BIM]³, conclui: “O Panorama 2025 não apenas apresenta um diagnóstico detalhado, mas também fornece ferramentas para que fabricantes, distribuidores e produtores tomem decisões estratégicas com base em dados reais, antecipando tendências e oportunidades no agronegócio brasileiro”.
We use cookies to ensure that we give you the best experience on our website. If you continue to use this site we will assume that you are happy with it.Ok