Vale a pena alugar um carro para trabalhar como motorista de aplicativo?
Com custos semanais entre R$ 500 e R$ 700, aluguel pode ser alternativa para iniciantes, mas exige longas jornadas para compensar investimento
César Tizo - outubro 2, 2025
O mercado de aplicativos de transporte segue em expansão no Brasil, atraindo cada vez mais pessoas em busca de renda extra ou de uma fonte principal de sustento. Nesse cenário, uma dúvida recorrente entre motoristas iniciantes ou experientes é se vale a pena alugar um carro para atuar em plataformas como a Uber ou se é mais vantajoso usar o veículo próprio.
O aluguel de automóveis surge como solução para quem não deseja ou não pode investir em um carro particular. Entretanto, os custos fixos são expressivos. Levantamento do CT Auto indica que a despesa média varia entre R$ 500 e R$ 700 por semana, já incluindo seguro, manutenção e, em alguns contratos, quilometragem livre. Na prática, o motorista começa o mês com um compromisso de R$ 2 mil a R$ 3 mil, sem contar combustível e taxas cobradas pelos aplicativos.
Esse modelo tende a ser mais interessante para quem trabalha de forma intensiva. Dados da plataforma GigU revelam que a receita anual de um motorista varia entre R$ 77 mil e R$ 103 mil, considerando uma carga de 50 a 60 horas semanais.
Para compensar o aluguel, motoristas precisam adotar uma rotina intensa de trabalho – Imagem: Rovena Rosa/Agência Brasil
Após a dedução de despesas operacionais — como combustível, impostos, manutenção e seguro —, o lucro líquido estimado fica entre R$ 28 mil e R$ 51 mil ao ano, valores que mudam conforme a cidade. Em termos mensais, isso representa uma renda líquida que pode variar de aproximadamente R$ 2,3 mil a R$ 4,2 mil.
Mais do que uma decisão financeira, optar pelo aluguel implica ajustar a rotina. Para que o investimento compense, o motorista precisa cumprir longas jornadas, o que aumenta o desgaste físico e mental. Em contrapartida, os contratos oferecem previsibilidade: manutenção, revisões e até mesmo a proteção contra imprevistos já estão embutidos no pacote, algo que nem sempre ocorre quando o carro é particular.
Segundo Luiz Gustavo Neves, CEO e cofundador da GigU, o papel dos motoristas vai além da renda pessoal. “Eles desempenham um papel essencial na locomoção nas grandes cidades, ajudando a reduzir congestionamentos e oferecendo alternativas mais acessíveis e flexíveis de transporte”, avalia.
No Brasil, onde a informalidade do trabalho e a instabilidade regulatória ainda são realidade, o aluguel de veículos representa tanto uma oportunidade quanto um desafio. Para muitos, pode ser a porta de entrada para o segmento, desde que aliado a disciplina financeira, planejamento e visão realista do mercado — fatores determinantes para transformar o aplicativo em uma fonte consistente de renda.
Alugar carro vs. usar veículo próprio em aplicativos
Aspecto
Carro alugado
Carro próprio
Custo fixo
R$ 2.000 a R$ 3.000 por mês (inclui seguro, manutenção e em alguns casos quilometragem livre)
Variável: depende de parcelas do financiamento (se houver), IPVA, seguro e manutenção
Flexibilidade
Não exige investimento inicial, facilita entrada no mercado
Depende de já possuir o carro ou arcar com aquisição/financiamento
Previsibilidade
Custos fixos e manutenção inclusa no contrato
Custos variáveis com revisões, pneus, seguro e eventuais reparos
Rentabilidade
Exige jornadas longas (50 a 60 horas semanais pelo menos) para compensar o aluguel
Possibilidade de maior margem líquida se os custos de manutenção forem baixos
Risco de desvalorização
Zero (o carro não é do motorista)
Total responsabilidade do proprietário
Comodidade
Substituição rápida em caso de falha ou acidente (dependendo do contrato)
Maior autonomia sobre o veículo, mas mais responsabilidade em caso de imprevistos
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