Coluna Fernando Calmon | Taos 2026 vem agora do México
Confira análise sobre os temas mais relevantes do mercado automotivo brasileiro e internacional nesta semana
César Tizo - outubro 19, 2025
Coluna Fernando Calmon aborda temas de variado interesse na área automobilística: comportamento, mercado, avaliações de veículos, segredos, técnica, segurança, legislação, tecnologia e economia. A coluna semanal é reproduzida em mais de 80 sites, portais, jornais e revistas brasileiros. Começou em 1º de maio de 1999
Taos 2026 vem agora do México
Para abrir espaço à nova Amarok (talvez até receba versão híbrida, a partir de 2027) na fábrica argentina de Gal. Pacheco, a VW traz agora do México (também isento de imposto de importação) o SUV médio-compacto Taos 2026. A frente segue a fórmula quase onipresente em todas as marcas de aumentar a área da grade em simbiose com o para-choque também novo. Lanternas traseiras são novas assim como a sua interligação iluminada e o emblema-logotipo agora também iluminado. Porta-malas de 498 L (VDA).
Acima detalhe do novo Taos 2026
Internamente a novidade bem-vinda é a volta de botões de comando para os raios do volante multifuncional. Materiais de acabamento melhoraram, há iluminação ambiente com 10 opções, um novo painel que destaca a tela multimídia flutuante de 10,1 pol., além de internet 4G e carregador de celular por indução. Mecanicamente sem novidades: mantido motor flex 1.4-L, 150 cv, 25,5 kgf·m e câmbio sempre automático epicíclico de oito marchas.
Acima detalhe do novo Taos 2026
Preço ainda não anunciado.
Entretanto, a VW informou que o sedã médio-compacto Jetta GLI 2026, também mexicano, estará nas concessionárias a partir de 8 de novembro por R$ 269.990. Motor 2-L turbo entrega 231 cv e 35,7 kgf·m. Câmbio DSG, robotizado, sete marchas.
Acima detalhe do novo Taos 2026
SUV Boreal é aposta da Renault em segmento muito disputado
Foi reservado ao Brasil a estreia do SUV médio-compacto Boreal, modelo que a Renault marca sua evolução no segmento com mais de 15 concorrentes entre eles Compass, Corolla Cross, Tiggo 7 e Taos. Na dianteira seu desenho elaborado destaca-se pela assinatura luminosa do emblema-logo, capô alto e módulos de LED. Laterais são marcadas por vincos, rodas de 19 pol. (só na versão de topo) e o desenho inusitado das colunas traseiras. Lanternas traseiras bem desenhadas não seguiram a moda de interligação luminosa. Pintura bitonal da carroceria é de série na versão mais cara e opcional nas duas outras.
Renault Boreal
As dimensões do Boreal: comprimento, 4.556 mm; entre-eixos, 2.702 mm; largura, 1.841 mm; altura, 1.652mm. Porta-malas tem 522 L (padrão VDA, o correto), maior do segmento. Motor é o conhecido turbo flex, 1,3 L, 163 cv (E)/156 cv (G), 27,5 kgf·m (E)/25,5 kgf·m (G). Câmbio sempre automatizado de seis marchas com dupla embreagem. Está prevista versão híbrida, porém a marca francesa ainda não estabeleceu data de lançamento.
Interior apresenta bom grau de refinamento com destaque para revestimento dos bancos (o do motorista com massageador) e o console central elevado. Quadro de instrumentos e tela multimídia têm 10 pol. e pela primeira vez no Brasil está disponível o Google Automotive Services de série. Há quatro modos de condução: Comfort, Eco, Sport e Smart. A partir da versão intermediária já oferece freio de estacionamento eletromecânico com imobilização e liberação automáticas nas paradas.
Renault Boreal
A Renault deu especial atenção aos sistemas ADAS de auxílio avançado ao motorista. O número destes importantes recursos de segurança aumenta conforme a versão: de entrada são 13, na intermediária, 19 e na de topo nada menos de 24 itens (inclui frenagem autônoma de emergência com detecção de pedestres e ciclistas).
Os preços estão bem situados frente aos concorrentes. Começam em R$ 179.990 e chegam a 214.990, mas haverá condições especiais com descontos no lançamento, em quatro de novembro.
Renault Boreal
BYD anuncia primeiro híbrido plugável flex
A oportunidade surgiu pela realização, de 10 a 21 de novembro próximos, em Belém (PA), da COP (Conferência das Partes, na sigla em inglês), um fórum da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas. A BYD enviará para o evento 30 unidades dos protótipos do SUV médio Song Pro Híbrido Plugável com o primeiro motor flex que a marca vem desenvolvendo no Brasil. Lançamento previsto para abril de 2026. Até o momento apenas a Toyota comercializa um híbrido pleno (não plugável) cujo motor pode funcionar com etanol ou gasolina puros ou misturados em qualquer proporção.
O modelo chinês, na prática, teve seu peso institucional somado à segunda “inauguração” da nova fábrica da BYD, em Camaçari (BA), desta vez com presença do presidente da República. Na realidade a produção começa por juntar as primeiras peças importadas no regime SKD (sigla em inglês para unidades semidesmontadas). Numa segunda etapa passará ao regime de unidades desmontadas vindas da China e integração de alguns componentes produzidos no Brasil, prevista para 2026 (prensas, soldagens e pintura, talvez em meados do ano). A conterrânea GWM, em Iracemápolis (SP), já tem armação, pintura e montagem desde agosto último.
Nesta primeira fase, investiram-se R$ 5,5 bilhões e a capacidade de produção será de 150.000 unidades anuais que a empresa espera alcançar “em menos de três anos”. A área construída atual é de 270.000 m² e numa segunda etapa a capacidade será aumentada para produzir 300.000 unidades anuais. Em cinco anos espera vender 600.000 unidades/ano (nacionais e importadas) e assumir a liderança absoluta de vendas no Brasil.
Até agora a BYD errou em suas projeções. Pretendia vender 120.000 unidades no ano passado, depois revisou para 100.000 e no fechamento de 2024 foram 77.000 (23% a menos).
O Brasil tem uma fábrica fechada (CAOA Chery, em Jacareí-SP) e outra a ser desativada (Toyota, em Indaiatuba-SP) ainda sem data confirmada. Há uma subutilizada da JLR, em Itatiaia (RJ). E a fábrica da Stellantis, em Porto Real (RJ), também subutilizada, passará a produzir o Jeep Avenger já em 2026.
Incertezas sobre elétricos também nos EUA
Já abordei os problemas na Europa e outros específicos da Itália. Com o fim do crédito fiscal do governo americano para compra de carros elétricos, em 30 de setembro último, pairam dúvidas sobre como reagirá o mercado nos próximos anos. Análise do site Yahoo Finance, após ouvir várias fontes, aponta previsões otimistas demais feitas até o momento. Veículos elétricos (VEs) são cerca de US$ 9.000 (R$ 49.000) mais caros, em média, do que modelos a gasolina comparáveis. A diferença era quase toda coberta pelo subsídio federal agora cancelado.
Há quatro anos, Ford, GM e Stellantis afirmaram em comunicado conjunto que aspiravam atingir até 2030 uma participação de mercado de VEs de 40% a 50%, incluindo híbridos plugáveis (meu comentário: estes não são exatamente elétricos, contudo somados como se fossem, uma “invenção” da China que distorce os números de produção e vendas de VEs).
Jim Farley, CEO da Ford, afirmou agora: “Acredito que será uma indústria vibrante, porém muito menor do que pensávamos. Não me surpreenderia se as vendas de VEs caíssem para 5% do total da indústria já neste mês de outubro”. A consultoria J.D. Power projeta que VEs poderão alcançar até 20% das vendas em 2029. Já a Ernest & Young prevê atingir 50% em 2039, cinco anos depois do previsto anteriormente.
Outra consultoria, iSeeCars, foi incisiva. VEs vão bem em estados de clima quente, como Califórnia e Flórida, e em uso urbano. Todavia, só se consolidarão quando os preços forem iguais aos carros de motores a combustão, puderem rodar 800 km com apenas uma carga e recarregarem em menos de 10 minutos. Algumas marcas enfrentam pressões financeiras motivadas por investimentos fracassados em veículos elétricos e foram forçadas a adiar ou cancelar projetos.
A agência de notícias Reuters relembrou um estudo conjunto de professores das universidades da Califórnia, Berkeley, Duke e Stanford: emplacamentos de VEs podem cair 27% sem o crédito fiscal federal. Alguns estados seguem a Califórnia e mantêm seus subsídios para sustentar a demanda. Até quando, ninguém sabe.
Cenário para carros elétricos é de incerteza também nos EUA
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