Latin NCAP endurece regras e amplia exigências de segurança para veículos a partir de 2026
Novo protocolo ficará vigente até 2029 e inclui testes mais severos e avaliação inédita do banco traseiro; confira detalhes
César Tizo - novembro 21, 2025
A segurança veicular na América Latina entra em um novo ciclo a partir de 2026. O Latin NCAP, programa independente de avaliação de veículos novos para a região, anunciou a atualização de seu protocolo de testes, que ficará em vigor de janeiro de 2026 a dezembro de 2029.
As mudanças tornam mais difíceis a obtenção de estrelas e passam a penalizar de forma mais contundente a ausência de tecnologias básicas de segurança, em um cenário no qual grande parte dos países latino-americanos ainda possui regulamentações menos exigentes do que mercados como Europa e Estados Unidos.
As quatro áreas de avaliação — Proteção de Ocupante Adulto, Proteção de Ocupante Infantil, Proteção a Pedestres e Usuários Vulneráveis das Vias, e Assistência à Segurança — foram mantidas, mas ampliadas em rigor e abrangência.
Testes mais severos
Na proteção de ocupantes adultos, os testes de impacto lateral e lateral de poste passam a ser consideravelmente mais severos. O impacto lateral será realizado a 60 km/h, com uma barreira mais pesada, de 1.400 kg. O impacto lateral de poste também ganha velocidade maior, 32 km/h, e um novo ângulo oblíquo de 75 graus. Os testes utilizarão um dummy (bonecos que simulam ocupantes no carro) de nova geração (WSID), com maior biofidelidade.
Pela primeira vez, a segurança do adulto no banco traseiro entra na pontuação final. O objetivo é incentivar melhorias urgentes nos sistemas de retenção, como pré-tensionadores e limitadores de carga nos cintos traseiros. Também será avaliado o efeito de “chicote cervical” nessa posição, ampliando a análise para impactos frontal, lateral e traseiro.
Veículos com centro de gravidade elevado passarão a ser avaliados quanto à resistência do teto em capotagens — medição exclusiva do Latin NCAP entre os programas globais, assim como já ocorre com o Teste do Alce.
O protocolo também avança na avaliação do resgate pós-colisão, penalizando dificuldade de acesso ao veículo, extração de ocupantes, liberação de cintos de segurança e ausência de folhas de resgate. Tecnologias como chamada de emergência (eCall) serão premiadas.
Proteção infantil
Na proteção infantil, a abrangência dos testes aumenta. Um dummy que representa uma criança de 10 anos passa a ser utilizado nos impactos frontal e lateral, substituindo o de 18 meses — que permanece em outras avaliações. O dummy de 10 anos será testado com e sem assento elevatório, forçando os fabricantes a melhorar a proteção estrutural lateral e frontal oferecida pelo próprio veículo.
A ausência de ancoragens ISOFIX e i-Size ou a impossibilidade de desligar o airbag do acompanhante derruba significativamente a pontuação dos modelos. Sistemas de detecção de crianças poderão render pontos extras, especialmente para evitar que menores sejam deixados sozinhos dentro do veículo.
Rigor ampliado
A proteção a pedestres e usuários vulneráveis das vias será mais exigente, tanto nos critérios de segurança passiva quanto nos sistemas de Frenagem Autônoma de Emergência (AEB). O AEB deverá detectar pedestres à noite e ciclistas em novos cenários, com maior complexidade.
Os sistemas de assistência também sobem de patamar. O teste do alce terá velocidades mais altas e qualquer falha acarretará perda de pontos. As provas de AEB de baixa e alta velocidade e os sistemas de manutenção de faixa serão mais rigorosos. A detecção de ponto cego (BSD) agora terá novos cenários de avaliação.
Modelos que ofereçam tecnologias como preparação para bafômetro veicular, monitoramento do motorista e alertas avançados de uso do cinto ganharão pontos extras. Já veículos que não incluam limitadores de velocidade ou sistemas de informação de velocidade máxima (ISA) não poderão atingir a nota máxima de estrelas.
Equilíbrio entre todas as áreas
Como no protocolo anterior, o desempenho simultâneo nas quatro áreas de avaliação continua obrigatório para alcançar classificação elevada. Uma nota baixa em qualquer uma delas reduz automaticamente o resultado total, independentemente das demais.
Orientações às fabricantes
O novo protocolo já é conhecido pelas montadoras desde 2021, quando começaram as discussões técnicas. Os resultados publicados anteriormente continuam válidos para consulta e podem ser usados em publicidade por até quatro anos após sua divulgação.
O Latin NCAP reforça que a atualização não permite equiparações diretas entre protocolos antigos e o novo. Cada veículo precisará ser novamente avaliado para saber quantas estrelas poderá alcançar na nova metodologia.
Trajetória
Criado em 2010, o Latin NCAP replica modelos de avaliação consolidados em regiões como Europa, Ásia, América do Norte e Oceania.
Desde então, já publicou resultados de mais de 170 veículos e segue impulsionando melhorias estruturais e tecnológicas na indústria automotiva latino-americana. O programa recebe apoio do Global NCAP, ICRT, FIA Foundation e Bloomberg Philanthropies, e integra iniciativas internacionais como o Decênio de Ação da ONU para a Segurança Viária e a campanha Stop the Crash.
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