É seguro comprar um carro híbrido plug-in agora pensando na revenda?
Donos de um Toyota Corolla adquirido com desconto para PcD estão em dúvida se vale a pena migrar para um BYD Song Pro
César Tizo - dezembro 2, 2025
Temos um Corolla 2016/2017. Meu esposo tem CNH PcD e o valor do BYD Song Pro está muito tentador: de R$ 189.900 por R$ 147.900, uma redução significativa. Achamos o carro perfeito — muito tecnológico, acabamento de primeira e altura ao volante que nos agrada bastante, além do desejo de migrar para um SUV. Mas pensamos muito no futuro: a garantia de 8 anos da bateria é boa, mas e depois? Como fica a assistência, o custo de uma eventual troca da bateria, o preço de revenda? Nosso Corolla não desvalorizou nada; mesmo com 10 anos, já recebemos proposta pelo mesmo valor que pagamos na época. Toyota é Toyota… Estamos muito na dúvida. Vamos avaliar outros modelos, mas será difícil algum agradar tanto quanto o Song, que tem espaço interno enorme – pergunta enviada por Soraia
Soraia, obrigado por enviar sua pergunta e participar do Guru dos Carros!
O cenário que você e seu marido vivem é totalmente compreensível e provavelmente compartilhado por muitos consumidores PcD que estão planejando sua próxima compra com isenção.
É fato que o BYD Song Pro vem conquistando espaço entre os brasileiros exatamente pelas características de seu projeto. O modelo entrega acabamento acima da média para o segmento: basta citar os vidros laterais laminados, por exemplo, além do ótimo espaço interno e de um porta-malas capaz de acomodar com facilidade a bagagem de toda a família.
A elevada eficiência do conjunto propulsor híbrido plug-in também merece destaque, sobretudo porque muitos concorrentes na mesma faixa de preço sequer oferecem algum tipo de eletrificação.
Chegamos, então, a um ponto crucial. O Toyota Corolla possui algo que muitas marcas e modelos ainda estão longe de alcançar: um histórico consolidado de sucesso no mercado. Você mesma constatou que o sedã mantém valor, tem manutenção previsível e conta com uma rede de assistência capilarizada. Em um carro com quase 10 anos de uso, receber ofertas próximas ao valor pago originalmente é raríssimo no Brasil, mesmo considerando que ele foi adquirido na compra PcD.
No caso do BYD, a garantia de 8 anos sem limite de quilometragem (para uso particular), aplicável à bateria de tração, é uma cobertura robusta. A tecnologia Blade, utilizada pela marca, é uma das mais seguras do mercado e favorece a confiabilidade. Mas você está correta em pensar no “e depois”.
Uma eventual troca de bateria fora da garantia pode custar entre R$ 40 mil e R$ 60 mil (estimativa, já que ainda não há histórico sólido no país). A boa notícia é que a necessidade de substituição tende a ser extremamente rara: as baterias mais modernas mantêm excelente capacidade mesmo após 10 anos de uso, como avaliações no exterior demonstram. Além disso, é possível efetuar reparos em módulos específicos da bateria, tornando a sua substituição completa algo distante de ocorrer.
Apesar de a aceitação dos híbridos plug-in e elétricos no mercado estar melhorando, a desvalorização desses automóveis ainda é uma incógnita. Não sabemos como será a depreciação em 5 ou 7 anos. O BYD Dolphin Mini, atual carro elétrico mais vendido no Brasil, mostra que o mercado de usados está mais receptivo, mas ainda é cedo para prever o comportamento de todos os modelos. Historicamente, produtos com tecnologias de ponta tendem a depreciar mais rápido do que objetos convencionais. Enquanto o Corolla é uma “moeda forte” na hora da revenda, o Song Pro ainda precisa conquistar essa reputação.
Toyota Corolla 2017
A pergunta certa
Nesse dilema sobre migrar para um SUV híbrido plug-in, vocês estão fazendo a pergunta certa: não se trata apenas do hoje, mas do longo prazo — especialmente considerando que estão satisfeitos com o Corolla e preocupados de forma legítima com o valor residual do próximo automóvel.
A Toyota é Toyota, como mencionado na pergunta, por décadas de consistência. A BYD, que confirmou planos audaciosos para o Brasil, ainda é uma marca em construção no setor automotivo nacional, embora já atue localmente há 11 anos no país em outras frentes, como a produção de módulos fotovoltaicos e chassis de ônibus elétricos em Campinas (SP), além de baterias em Manaus (AM).
Se vocês não têm urgência na troca, talvez uma decisão mais prudente seria manter o Corolla por mais 2 a 3 anos. Nesse intervalo, o segmento de carros eletrificados no Brasil vai amadurecer, a rede da BYD deve se consolidar e haverá exemplares do próprio Song Pro com 3 a 4 anos de uso circulando, permitindo avaliar o histórico de desvalorização e custos reais de peças e serviços.
Além disso, vale lembrar que o Song Pro 2027 será lançado ao longo do ano que vem com melhorias relevantes — incluindo o motor 1.5 térmico passando a ser flex.
Caso queiram migrar mais cedo para um SUV eletrificado, uma alternativa segura é optar por um híbrido convencional da própria Toyota, como o Corolla Cross ou o recém-apresentado Yaris Cross, que estreia efetivamente no mercado a partir de fevereiro do ano que vem.
Mas, se o BYD Song Pro encantou vocês pelos seus diferenciais técnicos, ele é sim uma opção superior no conjunto mecânico e está especialmente atrativo para o público PcD devido à política comercial agressiva da marca.
Portanto, vocês devem ponderar se estão abertos a migrar para um produto mais moderno e interessante em diversos aspectos, ainda que ele precise se provar perante o mercado.
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