Quase 90% dos motoristas de app usam veículo próprio
Levantamento mostra que quase 9 em cada 10 motoristas usam veículo particular e priorizam categorias de maior demanda
César Tizo - dezembro 17, 2025
O transporte por aplicativo no Brasil permanece fortemente ancorado no uso do carro próprio, mesmo diante da expansão de novas modalidades e plataformas. É o que aponta uma pesquisa inédita realizada pelo GigU, em parceria com a Jangada Consultoria de Comunicação, com motoristas que atuam em serviços como Uber, 99 e inDrive. De acordo com o estudo, 88,7% dos profissionais utilizam veículo particular para trabalhar, enquanto apenas 5,5% operam com motocicletas.
O levantamento detalha ainda a distribuição dos condutores por categoria em cada plataforma. Na Uber, a ampla maioria atua no Uber X, serviço mais acessível e com maior volume de corridas, reunindo 82% dos motoristas. Em seguida aparece o Uber Comfort, com 41,2%. Já as modalidades premium seguem restritas a uma parcela menor: 9% no Uber Black e apenas 2,7% no Uber Black SUV. Na 99, o cenário é semelhante. Cerca de 58,6% dos profissionais trabalham no 99 Pop e 16,1% no 99 Comfort, enquanto táxis e serviços de luxo representam menos de 2% do total. No inDrive, 14,6% dos condutores atuam com carros, e somente 0,8% utilizam motos.
Os dados indicam uma estratégia clara adotada pelos motoristas: a preferência por categorias de alta demanda, que oferecem maior volume de corridas e previsibilidade de ganhos, mesmo que o valor por viagem seja menor. As modalidades premium, embora mais lucrativas individualmente, apresentam fluxo reduzido de solicitações, o que limita sua atratividade para quem depende da atividade como principal fonte de renda.
A predominância do carro próprio também evidencia os custos e riscos assumidos pelos profissionais, que precisam arcar com despesas de manutenção, combustível, seguro e o desgaste natural do veículo. Apesar do crescimento de alternativas como o uso de motocicletas ou veículos alugados, essas opções ainda não alcançaram escala relevante, seja pela menor demanda, seja pelos riscos operacionais envolvidos.
Para Luiz Gustavo Neves, CEO e cofundador do GigU, os resultados oferecem uma radiografia precisa do setor. “Mesmo em um mercado cada vez mais competitivo, a maior parte dos motoristas prioriza categorias de alta demanda e veículos próprios, em busca de estabilidade de renda. Isso evidencia não apenas a importância econômica do transporte por aplicativo, mas também os desafios enfrentados pelos profissionais ao equilibrar custo, segurança e oportunidade de ganhos”, afirma.
Com dados estratégicos sobre os tipos de veículos e categorias mais utilizados, o estudo contribui para ampliar o debate sobre regulação, políticas de suporte e possíveis incentivos aos motoristas. Em um mercado em constante transformação, impulsionado por tecnologia, novas plataformas e mudanças no perfil da demanda, o levantamento reforça a centralidade do transporte por aplicativo na mobilidade urbana brasileira e os desafios estruturais enfrentados por quem atua no setor.
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