Na América do Sul, GM não terá como fugir dos híbridos para se manter competitiva
Apesar do foco global da empresa em veículos elétricos, as particularidades da nossa região devem impor uma nova estratégia local para a companhia
César Tizo - novembro 29, 2023
Em 2021, a GM anunciou a decisão de eliminar do seu portfólio os veículos com propulsão térmica a partir da metade da próxima década.
A realidade, porém, segue um ritmo menos acelerado do que a GM estava projetando.
A própria CEO da fabricante, Mary Barra, reconheceu que o caminho é “um pouco acidentado” rumo a um potencial futuro onde os veículos elétricos serão destaque.
Outros altos executivos do setor também fizeram coro às declarações de Barra, em especial pela baixa (ou nenhuma) lucratividade que os automóveis com esse tipo de propulsão resultam para as companhias.
Caminhos
Indo além das questões corporativas, vale destacar que a própria demanda dos consumidores por carros elétricos nos EUA e na Europa está registrando uma sutil desaceleração, o que por si só reforça o alerta para empresas como a GM e demais concorrentes.
Em paralelo, quando olhamos as particularidades de algumas regiões, entre elas a América do Sul, fica claro que para uma marca generalista como a Chevrolet será quase inviável se manter competitiva oferecendo apenas automóveis 100% elétricos a partir dos anos 2030.
Gigantes como a Toyota, Stellantis e a Volkswagen, deixaram claro seus compromissos de investirem em híbridos flex no Brasil, otimizando as vantagens do etanol como a saída menos onerosa em seus esforços rumo à descarbonização dos seus produtos.
Basta imaginarmos, por exemplo, o que pode vir a ser da marca Chevrolet sem um SUV compacto híbrido flex em um segmento onde a Toyota vai oferecer o Yaris Cross Hybrid, a Nissan prepara a próxima geração do Kicks com o sistema e-Power e a Jeep tomará como base a família de plataformas Bio-Hybrid para eletrificar seus modelos nacionais.
Volta aos híbridos?
Até mesmo nos EUA, a GM não esconde a possibilidade de voltar a desenvolver veículos híbridos para eletrificar sua gama de maneira mais paulatina, seguindo o ritmo desejado pela maior parte dos consumidores.
A maior mensagem nesse sentido é a própria decisão da GM de entrar na F1 a partir da temporada de 2028, o que, nas palavras da companhia, servirá para “aumentar a experiência da GM em áreas que incluem eletrificação, tecnologia híbrida, combustíveis sustentáveis e motores de combustão interna de alta eficiência“.
Aqui no Brasil, outros sinais de que a fabricante não terá como fugir dos híbridos para se manter competitiva foram algumas falas de Fábio Rua, vice-presidente de comunicação e relações governamentais da General Motors América do Sul, em sua participação no Congresso AutoData Perspectivas 2024.
Durante o evento, o executivo pontuou que “se o futuro nos disser que a gente precisa, talvez, sermos um pouco mais abertos ao nosso espectro de investimento em novas tecnologias, seremos“.
“Nossa meta é o elétrico para 2035. Novas tecnologias ao longo do tempo podem dar as caras. E podem mostrar que elas são tão ou mais eficientes do que o carro a combustão. Não podemos negar a possibilidade de, lá na frente, [termos carro] a célula a combustível, híbrido… não sei o que o futuro nos reserva, não só em termos de inovação como de escala e de competitividade”, detalhou Rua.
De fato, como é possível constatar, talvez a migração para os carros elétricos poderá demorar muito mais do que as grandes fabricantes ansiavam.
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