Anfavea e Abeifa divergem sobre aumento de imposto de importação para veículos eletrificados
Entidade que reúne fabricantes instaladas há mais tempo no Brasil busca controlar avanço das importações de automóveis chineses
César Tizo - junho 27, 2024
Em meio a um cenário de crescente importação de veículos híbridos e elétricos, especialmente da China, a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) está em negociações com o governo federal para antecipar o retorno do imposto de importação para veículos eletrificados. O presidente da Anfavea, Márcio de Lima Leite, revelou essa intenção durante o Seminário AutoData Revisões das Perspectivas 2024, destacando a necessidade de acelerar o cronograma para restaurar a tarifa de 35%, originalmente prevista para 2026, o mais rápido possível.
Segundo Lima Leite, o atual ritmo de escalonamento do imposto, iniciado no começo deste ano, não está sendo suficiente para conter o aumento das importações. Ele enfatizou que a quantidade de veículos importados aumentou drasticamente, com uma alta de 38% nos primeiros cinco meses de 2024 em comparação com o mesmo período do ano anterior, sendo a China responsável por 82% desse crescimento.
“Continuamos reféns das importações. Elas atacam a nossa competitividade, agora e no futuro. Se o Brasil quiser ser um grande competidor, precisamos analisar as importações com viés de preocupação. Com este volume crescente, hoje é um risco para nossa indústria“, afirmou Lima Leite. Ele também mencionou que a situação atual é um reflexo de discussões semelhantes nos Estados Unidos e na União Europeia, que também implementaram barreiras contra produtos elétricos importados da China.
Por outro lado, a Associação Brasileira das Empresas Importadoras e Fabricantes de Veículos Automotores (Abeifa) expressou forte oposição ao pedido da Anfavea. Em comunicado à imprensa, a Abeifa argumentou que a imposição de novas alíquotas de 18% para carros elétricos, 24% para híbridos plug-in e 25% para híbridos, que entrarão em vigor a partir de 1º de julho, já representa um aumento significativo. A entidade destacou a necessidade de previsibilidade nas políticas industriais do setor automotivo brasileiro, enfatizando o direito dos consumidores ao acesso e à escolha de tecnologias avançadas.
“Acreditamos que políticas protecionistas não trazem benefícios ao Brasil. Nos anos 1990, a abertura do mercado interno para veículos importados foi crucial para o desenvolvimento do parque industrial que temos hoje. Medidas protecionistas ou barreiras alfandegárias artificiais são ineficazes e prejudiciais a toda a cadeia automotiva, especialmente ao Brasil a médio e longo prazos“, afirmou a Abeifa.
Além de discutir o imposto de importação, Lima Leite abordou a questão do imposto seletivo, também conhecido como “imposto do pecado”, que será aplicado após a reforma tributária. Ele defendeu que, se implementado, esse imposto deve ser aplicado a todos os veículos, embora considere que não faz sentido para a indústria automotiva, pois desestimula a compra de veículos novos.
Apesar das divergências sobre a política de importação, a Anfavea mantém suas projeções de crescimento para o setor automotivo em 2024, prevendo um aumento de 6,1% nas vendas de veículos, atingindo 2,45 milhões de unidades, um leve aumento de 0,7% nas exportações, com 407 mil veículos embarcados, e um avanço de 6,2% na produção, chegando a 2,47 milhões de unidades. Contudo, Lima Leite alertou que as exportações e a produção podem não atingir essas estimativas, dependendo das políticas de importação adotadas.
A Anfavea também busca acelerar acordos bilaterais com o governo para fomentar as exportações, em um esforço para equilibrar a produção local com o volume de importados. Essa complexa dinâmica entre importação e produção local será crucial para determinar o futuro da indústria automotiva no Brasil.
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