Honda e Nissan discutem possível fusão em meio a desafios globais
Informação extraoficial foi apurada por jornal japonês; empresas, até o momento, não entraram em detalhes sobre as negociações
César Tizo - dezembro 18, 2024
Honda e Nissan, dois gigantes da indústria automotiva japonesa, estão negociando uma possível fusão, conforme relatado inicialmente pelo jornal japonês Nikkei. A proposta também envolve a Mitsubishi, criando a perspectiva de uma colaboração entre três importantes fabricantes de automóveis do Japão. As companhias confirmaram na última terça-feira (17) à imprensa, segundo notícia publicada pela CNN, que já iniciaram conversas sobre uma possível negociação, mas não entraram em detalhes nem anunciaram uma previsão para a concretização do acordo.
“Conforme anunciado em março, Honda e Nissan estão explorando diversas possibilidades para colaborações futuras, aproveitando os pontos fortes de cada uma“, disseram as empresas em comunicado ao qual a CNN teve acesso. No documento, elas se comprometeram a informar os acionistas quando houver avanços nas negociações.
Contexto e desafios do mercado
A possível união ocorre em um momento de dificuldades para ambas as montadoras, que enfrentam desafios significativos no maior mercado automotivo do mundo, a China. Consumidores chineses têm migrado de marcas estrangeiras para fabricantes locais, que oferecem veículos elétricos (EVs) e híbridos plug-in mais avançados e acessíveis, como os modelos da BYD.
Embora Honda e Nissan tenham experiência em tecnologia de EVs – sendo a Nissan uma pioneira com o modelo Leaf –, elas foram superadas por empresas chinesas que agora dominam o segmento. Além disso, incentivos do governo chinês para adoção de veículos eletrificados aceleraram ainda mais essa tendência.
Histórico de colaborações
Honda e Nissan já haviam anunciado parcerias em março deste ano para o desenvolvimento de veículos elétricos e, em agosto, ampliaram os acordos para tecnologia de baterias. A fusão, caso se concretize, poderia aprofundar essa colaboração e ajudar ambas as companhias a enfrentarem desafios como a transição para a mobilidade elétrica e a crescente concorrência global.
Impactos da negociação
A situação de Nissan e Honda destaca as adversidades enfrentadas por montadoras japonesas. A Nissan, em particular, ainda sofre as consequências do escândalo envolvendo seu ex-CEO Carlos Ghosn, que abalou a aliança com Renault e Mitsubishi. A recente redução da participação acionária da Renault na Nissan enfraqueceu a montadora japonesa, que registrou queda de 90% na receita operacional entre março e setembro deste ano, em comparação com o mesmo período de 2023.
Enquanto isso, a Honda, que é cinco vezes maior que a Nissan em termos de receita, enfrenta dificuldades para implementar seu plano de vender apenas veículos de emissão zero nos principais mercados até 2040. A lenta transição para a mobilidade elétrica é agravada por preços relativamente baixos de combustíveis, infraestrutura insuficiente de carregamento e competição acirrada nos mercados europeu e norte-americano.
Se bem-sucedida, a fusão entre Honda, Nissan e Mitsubishi poderia redefinir o cenário automotivo japonês, criando uma força conjunta capaz de competir em escala global e acelerar a inovação em veículos eletrificados. No entanto, ainda restam muitas perguntas sobre a forma que essa colaboração assumirá e os impactos para o setor como um todo.
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