Bom resultado foi impulsionado pelas exportações e o mercado interno aquecido, detalha Anfavea
César Tizo - março 14, 2025
O setor automotivo brasileiro vive um momento de recuperação consistente, com a produção de veículos atingindo marcas históricas nos primeiros meses de 2025.
De acordo com dados divulgados nesta sexta-feira (14) pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), a produção de fevereiro chegou a 217,4 mil unidades, o maior volume para o mês desde 2019. No acumulado do primeiro bimestre, foram 392,9 mil veículos produzidos, um crescimento de 14,8% em relação ao mesmo período de 2024, marcando o melhor resultado para os dois primeiros meses do ano desde 2021.
Esse desempenho positivo é impulsionado por dois fatores principais: o aquecimento do mercado interno e a forte recuperação das exportações. No cenário internacional, as vendas para a Argentina se destacam, com um crescimento de 172% no primeiro bimestre, totalizando 76,7 mil unidades exportadas, 55% a mais que em 2024. A Argentina consolida-se como o principal destino dos veículos brasileiros.
No mercado doméstico, as vendas também apresentam números robustos. O primeiro bimestre de 2025 registrou 356,2 mil emplacamentos, o maior volume desde 2020. Em fevereiro, a média diária de vendas foi de 9.248 unidades, um aumento de 19% em relação a janeiro. Desse total, as vendas diretas cresceram 39%, superando o desempenho do varejo.
No entanto, um alerta foi dado pelo presidente da Anfavea, Márcio de Lima Leite, sobre o aumento da participação de veículos importados no mercado brasileiro. Em 2025, os importados representam mais de 21% das vendas, a maior participação desde 2012.
“Boas parte dessa elevação se deve a veículos de fora do Mercosul, em especial os eletrificados chineses“, afirmou Leite, reforçando, do ponto de vista da entidade, a necessidade da aplicação imediata do Imposto de Importação de 35% para todos, independentemente de origem ou motorização. Os importadores, por sua vez, já se manifestaram contrários à medida.
O segmento de veículos pesados também apresentou crescimento significativo. No primeiro bimestre, foram emplacados 3,7 mil ônibus, um aumento de 50% em relação ao mesmo período de 2024. A produção desse segmento cresceu 11%, impulsionada por programas como o Caminho da Escola e o reaquecimento do transporte municipal.
Já o segmento de caminhões registrou alta de 11% tanto em vendas quanto em produção, reflexo das encomendas feitas durante a Fenatran, realizada em novembro do ano passado. No entanto, as fabricantes estão preocupadas com o impacto do aumento da taxa de juros, que já começa a afetar a demanda nas concessionárias. Diferentemente dos veículos leves, as vendas de caminhões dependem fortemente de financiamento, o que pode impactar os números dos próximos meses.
Com um início de ano positivo, o setor automotivo brasileiro projeta um 2025 de recuperação, mas com desafios. Enquanto as exportações e o mercado interno seguem aquecidos, a alta dos juros e o aumento da participação de importados exigem atenção das fabricantes e do governo.
