“Melhor dos dois mundos”: consumidor global prefere híbridos a elétricos puros
Pesquisa global mostra consumidores mais inclinados a veículos que aliam eficiência e praticidade
César Tizo - maio 5, 2025
A preferência dos consumidores globais por veículos híbridos está em alta, enquanto o interesse por modelos totalmente elétricos apresenta sinais de arrefecimento. É o que mostra a 15ª edição do estudo Global Automotive Consumer, conduzido pela Deloitte com 30 mil pessoas de 30 países entre outubro e dezembro de 2024 — sem a inclusão do Brasil. O levantamento analisou as intenções de compra futuras, a influência das novas tecnologias e o impacto das soluções de mobilidade sobre o comportamento do consumidor.
Nos Estados Unidos, a intenção de adquirir um carro com motor a combustão caiu 5 pontos percentuais em relação à pesquisa anterior, chegando a 62%. Em contrapartida, os modelos híbridos passaram de 20% para 26% nas preferências. A fatia dos consumidores que consideram um veículo elétrico, no entanto, ficou estagnada em apenas 5%.
Segundo Paulo de Tarso, sócio-líder da Indústria de Consumo da Deloitte no Brasil, a baixa adesão aos elétricos está diretamente ligada à infraestrutura insuficiente de recarga e ao tempo necessário para abastecimento, que ainda pode chegar a sete horas. “Mesmo com autonomia que já alcança os 500 quilômetros, os elétricos ainda não fazem sentido total para o consumidor médio. Os híbridos, por sua vez, entregam um pacote que atende tanto à praticidade quanto à sustentabilidade”, afirma.
No Japão e na China, a adesão aos veículos a combustão cresceu na comparação com o ano anterior. No primeiro país, 41% dos entrevistados pretendem manter esse tipo de motorização na próxima compra, aumento de 7 pontos percentuais. Já na China, esse índice passou para 38%, alta de 5 pontos. Ainda assim, os híbridos têm participação expressiva: 43% no Japão e 33% na China.
“Melhor dos dois mundos”
Os modelos híbridos são vistos como a solução ideal por muitos consumidores ao reunir o “melhor dos dois mundos”, ou seja, a possibilidade de trafegar em modo elétrico (no caso dos híbridos plug-in) em trajetos urbanos curtos, sem abrir mão do motor a combustão para distâncias maiores. Com isso, esses veículos atraem um público cada vez mais atento ao meio ambiente, mas que também prioriza conveniência.
“O híbrido, mesmo sendo mais pesado, oferece vantagens práticas que dialogam com a rotina urbana e os deslocamentos mais longos, tornando-se uma opção viável para mercados em transição energética, como é o caso do Brasil”, avalia Paulo de Tarso.
Tecnologia embarcada
A pesquisa também destaca o crescente interesse por tecnologias embarcadas nos veículos. Itens relacionados à segurança, integração de dados e conectividade estão entre os mais valorizados pelos consumidores. A aplicação da Inteligência Artificial, por exemplo, é vista como positiva por 82% dos entrevistados na China e 77% na Índia. Em contraste, essa aceitação cai para 45% nos EUA e 43% no Reino Unido.
Apesar do otimismo em relação à tecnologia, a presença de robotáxis e veículos autônomos nas estradas ainda causa insegurança. Consumidores da Índia (63%) e do Reino Unido (52%) demonstraram maior preocupação em dividir as vias com veículos totalmente autônomos.
Decisões de compra
Apesar do avanço de critérios ligados à sustentabilidade e à inovação tecnológica, os fatores tradicionais ainda pesam mais nas decisões de compra. De acordo com o estudo da Deloitte, preço, qualidade e desempenho continuam a ser os principais motivadores, apontados como os mais relevantes por metade dos consumidores ouvidos em todo o mundo.
A lealdade às marcas também varia conforme a cultura de cada país. A China mostra maior abertura a novas marcas, enquanto o Japão apresenta um perfil mais fiel aos fabricantes tradicionais. Nos EUA, o público está dividido.
Mudanças geracionais
A pesquisa traz ainda um recorte geracional importante. Na Índia, 70% dos consumidores da geração Y (entre 18 e 34 anos) afirmaram estar dispostos a abrir mão da propriedade de um veículo em troca de soluções integradas de mobilidade, como transporte público eficiente e aplicativos de carona. Já na Alemanha, apenas 33% dos jovens manifestaram essa mesma disposição.
“A ascensão dos aplicativos de mobilidade e a melhoria da infraestrutura urbana podem acelerar essa transição, especialmente entre os mais jovens”, observa Paulo de Tarso.
Panorama global e metodologia
O estudo consultou consumidores em países das Américas, Europa e Ásia, como Estados Unidos, Canadá, Alemanha, Índia, Japão, China e Arábia Saudita. A amostra foi equilibrada entre homens e mulheres com mais de 18 anos, entrevistados por meio de painel online.
We use cookies to ensure that we give you the best experience on our website. If you continue to use this site we will assume that you are happy with it.Ok