Guerra comercial pode enfraquecer exportações brasileiras de autopeças, aponta seguradora
Estudo prevê redirecionamento de demanda e possível desaceleração na produção nacional após imposição de tarifas pelos EUA
César Tizo - junho 11, 2025
Durante a segunda edição do Credit Talk, fórum promovido pela Allianz Trade no Brasil, especialistas da seguradora discutiram os possíveis impactos da recente política tarifária dos Estados Unidos sobre o setor automotivo brasileiro. A análise foi conduzida por João Pedro Pereira, analista de crédito da companhia, com base em estudos da Allianz Research, divisão de pesquisa econômica do grupo.
O ponto central do debate foi o anúncio, feito em abril, de uma tarifa de 25% sobre carros importados pelos EUA, o que provocou preocupação entre montadoras e fabricantes que dependem de componentes internacionais. Embora o Brasil não exporte veículos completos para o mercado norte-americano, a medida pode gerar efeitos indiretos.
Segundo Pereira, países tradicionalmente exportadores, como o México, podem redirecionar seus excedentes de produção para a América Latina, inclusive o Brasil. Esse movimento pode alterar a dinâmica de preços e a concorrência no mercado regional, influenciando a operação das fabricantes nacionais.
Mais preocupante, porém, é o cenário para o segmento de autopeças, cujas exportações do Brasil para os EUA somam cerca de US$ 300 milhões anuais. De acordo com o analista, o setor pode enfrentar queda nas exportações e desaceleração na produção interna, em razão da nova barreira tarifária.
“Isso pode gerar, tanto um redirecionamento da oferta para outros países parceiros compradores, quanto uma desaceleração na produção nacional das autopeças”, avaliou Pereira. Ele também destacou a necessidade de adaptação das indústrias diante da reorganização global das montadoras e do novo contexto de tributação sobre veículos elétricos no Brasil.
Apesar das incertezas, a Allianz Trade considera que o mercado automotivo brasileiro demonstra resiliência, com produção e licenciamentos em alta e inadimplência sob controle. A previsão da seguradora é de estabilidade no curto prazo, com impactos moderados no mercado interno, mas com atenção redobrada para os desdobramentos comerciais globais.