Brasil bate recorde de trabalhadores por aplicativos e redefine mercado de trabalho
Número de motoristas e entregadores ultrapassa 1,5 milhão, segundo IBGE; modalidade garante autonomia
César Tizo - setembro 25, 2025
O mercado de trabalho brasileiro vive uma transformação sem precedentes. Pela primeira vez na história, mais de 1,5 milhão de pessoas atuam como motoristas ou entregadores por aplicativos no país, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O marco histórico evidencia como a digitalização e a economia de plataformas estão redesenhando as relações profissionais e criando novas formas de geração de renda.
A expansão do trabalho via aplicativos como Uber, iFood e Rappi oferece aos brasileiros uma alternativa ao emprego tradicional, permitindo maior controle sobre horários e a possibilidade de conciliar múltiplas fontes de renda. Essa modalidade tem atraído especialmente jovens e profissionais em busca de flexibilidade, que encontram na tecnologia uma ferramenta para desenvolver estratégias próprias de atendimento e relacionamento com clientes.
“É uma jornada exigente, mas a autonomia e a rentabilidade — que supera algumas ocupações tradicionais — acabam sendo grandes atrativos“, explica Luiz Gustavo Neves, co-fundador e CEO da fintech GigU, empresa que acompanha o setor.
Ganhos
Os números da rentabilidade, contudo, revelam a complexidade dessa nova modalidade de trabalho. Dados da GigU mostram que motoristas faturam, em média, entre R$ 77 mil e R$ 103 mil anuais, trabalhando de 50 a 60 horas semanais. No entanto, após descontar custos operacionais como combustível, manutenção, seguro e impostos, o lucro líquido fica entre R$ 28 mil e R$ 51 mil por ano.
Essa realidade financeira ilustra tanto as oportunidades quanto os desafios do trabalho em plataformas digitais. Enquanto oferece flexibilidade e possibilidades de empreendedorismo, também demanda dos profissionais habilidades de gestão financeira e planejamento estratégico para maximizar os ganhos.
Transformação cultural
O fenômeno representa mais que uma mudança econômica — trata-se de uma transformação cultural na forma como os brasileiros percebem trabalho, produtividade e carreira. O modelo de aplicativos amplia a inclusão no mercado de trabalho e estimula o desenvolvimento de competências digitais e gerenciais, especialmente entre jovens que buscam alternativas ao emprego formal tradicional.
O impacto dessa expansão transcende os próprios trabalhadores. As plataformas digitais geram efeitos multiplicadores em setores como mobilidade urbana, alimentação e tecnologia, criando uma rede de oportunidades que beneficia toda a cadeia econômica. Cidades se tornam mais conectadas, a logística ganha eficiência e surgem soluções inovadoras em serviços.
A consolidação de mais de 1,5 milhão de brasileiros trabalhando por aplicativos reflete um país em plena adaptação aos novos tempos. É o retrato de uma nação mais conectada e flexível, onde tecnologia e inovação já ocupam posição central na estrutura do mercado de trabalho, sinalizando transformações que devem se aprofundar nos próximos anos.
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