Mercado de carros usados bate recorde histórico em 2025
Com mercado de usados em alta, especialista alerta que procedência e manutenção pesam mais que a origem geográfica do veículo
César Tizo - dezembro 26, 2025
O mercado brasileiro de carros usados e seminovos vive um momento histórico em 2025. Dados da Federação Nacional das Associações dos Revendedores de Veículos Automotores (FENAUTO) indicam que, já em novembro, mais de 16,7 milhões de veículos haviam sido transacionados no país, número que supera o total registrado em todo o ano de 2024, quando o setor somou 15,7 milhões de unidades. O crescimento acumulado é de cerca de 17%, e a projeção da entidade é encerrar o ano com aproximadamente 18 milhões de veículos vendidos, o maior volume já registrado na história do segmento.
O avanço confirma uma tendência consolidada no mercado brasileiro. Em um cenário marcado por juros elevados, preços altos dos veículos novos e ampla oferta de modelos, o carro usado continua sendo uma alternativa relevante para o consumidor. Com isso, muitos compradores passaram a ampliar o raio de busca, incluindo veículos localizados em cidades litorâneas, movimento que trouxe de volta antigos receios e mitos sobre esse tipo de procedência.
Para Alan Ladeia, CEO da Carflix e especialista no setor automotivo, a origem geográfica do veículo, por si só, não deve ser determinante na decisão de compra. Segundo ele, fatores comohistórico de manutenção, forma de uso, nível de exposição ao ambiente e cuidados do proprietário são muito mais relevantes do que a cidade onde o carro circulou. “Um carro não pode ser avaliado apenas pela sua origem geográfica. Procedência e inspeção técnica continuam sendo os fatores mais importantes para uma compra segura, independentemente de o veículo ter rodado no litoral ou no interior”, afirma.
Entre os mitos mais comuns está a ideia de quetodo carro do litoral é ruim. De acordo com o especialista, isso não é verdade. A conservação do veículo depende do grau de exposição à maresia, da frequência de uso, do local onde era guardado e da manutenção preventiva realizada ao longo do tempo. Ter placa de cidade litorânea não significa, automaticamente, que o carro esteja em más condições.
Outro equívoco recorrente é acreditar que a maresia destrói o carro em poucos meses. Embora o ar salino possa acelerar a oxidação de partes metálicas, esse é um processo lento e cumulativo, influenciado por fatores como proximidade do mar, umidade constante e ausência de limpeza regular. A maresia atua como um acelerador de desgaste, principalmente em peças expostas, como parafusos, dobradiças, terminais de bateria, conectores elétricos e no sistema de escapamento, além de afetar o brilho da pintura, sobretudo em teto e capô. Partes internas, motor e câmbio não são diretamente comprometidos.
Também não procede a afirmação de quecarros de cidades litorâneas valem menos. O preço de um veículo usado está muito mais ligado ao estado geral, quilometragem, histórico de revisões e eventuais acidentes do que à sua origem. “A simples procedência litorânea não deve ser critério isolado de desvalorização. Um carro bem cuidado, com revisões em dia e garagem coberta, pode valer o mesmo ou até mais do que outro de cidade do interior”, explica Ladeia.
Na avaliação de um carro que circulou no litoral, alguns pontos merecem atenção extra, como parafusos com início de ferrugem, bordas internas dos para-lamas, corrosão em terminais da bateria, conectores elétricos e desgaste acentuado do escapamento. Esses sinais podem indicar exposição prolongada à maresia ou falta de manutenção preventiva e devem ser analisados antes da compra.
Segundo o especialista, um carro do litoral pode ser um bom negócio quando tem histórico de manutenção comprovado, passou por inspeção cautelar, foi bem armazenado e pertenceu a um proprietário cuidadoso.
Após a compra, medidas simples ajudam a preservar o veículo, como lavagem completa, polimento com proteção de pintura e lubrificação de dobradiças e fechaduras. Esses cuidados contribuem para prolongar a vida útil do carro e preservar seu valor de revenda em um mercado que segue aquecido e cada vez mais competitivo.
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