Subsidiária da Toyota: crise envolvendo marca Daihatsu é agravada
Filial de baixo custo da gigante japonesa é acusada de novas falhas envolvendo diversos modelos
César Tizo - dezembro 20, 2023
Até então famosa pela qualidade e robustez de seus veículos, a Toyota se vê no meio de uma grave crise envolvendo a Daihatsu, sua subsidiária para veículos de baixo custo.
Apenas relembrando, em abril deste ano a Daihatsu admitiu ter fraudado resultados de testes de segurança para alguns modelos pelos quais é a responsável pelo projeto e fabricação, entre eles o Yaris Ativ, nome adotado pelo sucessor do Toyota Yaris sedã em alguns mercados.
A partir de então, um painel independente de especialistas está investigando as operações da Daihatsu e mais falhas graves foram divulgadas nesta quarta-feira (20).
De acordo com a equipe, os problemas envolvendo carros produzidos pela Daihatsu é bem mais antigo e pode envolver bem mais modelos, inclusive da Toyota, do que era esperado.
Entre as questões apontadas pelo painel independente, a Daihatsu é acusada de utilizar unidades de controle dos airbags diferentes para os carros que poderiam ser avaliados por entidades de segurança viária em relação às ECUs que eram aplicadas nos veículos regularmente produzidos.
Além de afetar modelos vendidos sob a marca Daihatsu, o problema pode envolver os Toyota Town Ace e Pixis Joy, Subaru Stella, além do Mazda Bongo, todos produzidos pela subsidiária da Toyota.
Por conta das repercussões sobre o assunto, a Daihatsu optou por interromper as remessas de todos os seus veículos produzidos no Japão.
Ao todo, de acordo com comunicado da Toyota, a investigação liderada por Makoto Kaiami encontrou novas irregularidades praticadas pela Daihatsu em 174 itens dentro de 25 categorias de testes, além da irregularidade no revestimento das portas admitida pela marca em abril e na irregularidade no teste de colisão lateral em maio.
Estes problemas abrangeram um total de 64 modelos (entre produtos atualmente em produção, em desenvolvimento ou já descontinuados) e 3 motores. Desse total, 22 modelos e 1 motor são vendidos pela Toyota.
De acordo com a lista divulgada pela Toyota, nenhum produto comercializado no Brasil encontra-se na lista de veículos afetados.
Na próxima quinta-feira, o governo japonês anunciou que o seu Ministério dos Transportes vai realizar uma vistoria na sede da Daihatsu em Osaka, segundo reportagem da Reuters.
Voltando às constatações do painel independente, os investigadores citam que a Daihatsu também pode ter falsificado relatórios sobre testes de impactos em encostos de cabeça e também em testes de colisão de alguns veículos.
O painel, contudo, avalia que a Toyota não tinha ciência dos erros que a Daihatsu estava promovendo em suas operações.
“Acreditamos que, para evitar a recorrência, além de uma revisão das operações de certificação, é necessária uma reforma fundamental para revitalizar a Daihatsu como empresa. Esta será uma tarefa extremamente significativa que não poderá ser realizada da noite para o dia. Exigirá não só uma revisão da gestão e das operações comerciais, mas também uma revisão da organização e estrutura, bem como uma mudança no desenvolvimento dos recursos humanos e na sensibilização de cada funcionário. A Toyota dará todo o nosso apoio à revitalização da Daihatsu para que esta possa regressar às suas raízes como a ‘empresa de mobilidade compacta’, bem como para reconquistar a confiança de todas as partes interessadas“, declarou a Toyota em comunicado.
Até outubro deste ano, a Daihatsu havia produzido 1,1 milhão de veículos, sendo 40% para exportação. As vendas da marca correspondem a 7% do total global comercializado pela Toyota.
Vale lembrar que a Hino Motors, subsidiária da Toyota especializada na produção de caminhões e ônibus, também se viu envolvida em um escândalo em 2022, quando admitiu ter falsificado dados de consumo e emissões de seus produtos.
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